O empresário e ex-deputado Tony Garcia, que divulgou conversas que comprovam atuação como “agente infiltrado” da Operação Lava Jato, publicou nas redes sociais os motivos que o levaram a denunciar o ex-juiz Sergio Moro e a “República de Curitiba”.
Garcia se disse traído pelo ex-procurador Deltan Dallagnol. “Pergunta recorrente. Por que você trouxe as denúncias somente agora? Vou tentar ser o mais didático possível ao responder. Toda ação, enseja reação, e foi isso que se deu comigo. Tudo começou em 2018 quando a Força-Tarefa da Lava Jato queria a todo custo uma gravação de um empresário”, disse.
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“Esse empresário era presidente de uma empreiteira que foi chantageada pelo chefe de gabinete do então governador Beto Richa, Deonilson Roldo, no gabinete do mesmo ao lado do gabinete do governador no Palácio Iguaçu. Essa gravação foi feita com um celular IPhone 4 de minha propriedade que emprestei ao empresário. Somente eu tinha a gravação onde a higidez da prova era incontestável. Nem mesmo o empresário tinha uma cópia. Em 2013, fui ao MPF onde ficava a Força-Tarefa da Lava Jato”, destacou Garcia.
“Falei com o Carlos Fernando e Januário Paludo sobre a gravação. Disseram não poderem atuar, visto ser o caso de alçada estadual e não federal. Ao saberem do conteúdo me alertaram que ali teria uma linha muito tênue entre o legal e o ilegal sobre minha atuação no caso concreto. Cinco anos após esse encontro, duas operações da Lava Jato em que estava envolvida a Odebrecht, a gravação passou a ser a cereja do bolo para chegarem ao Beto Richa. Deltan, sabendo o conteúdo bombástico da gravação, delegou ao Diogo Castor a missão de ‘caça ao Tony’. Eles tinham conhecimento de que eu havia procurado o Gaeco estadual espontaneamente onde fiz uma denúncia. Essa denúncia gerou um acordo, e o Deltan queria porque queria que eu entregasse a gravação ao Gaeco onde teriam prova ‘emprestada’. Irado, Deltan iniciou a retaliação determinando ao condomínio do prédio onde fica meu escritório a lista de todas as pessoas que acessaram meu andar e imagens de câmaras do mesmo. Ele achou que isso me intimidava, mas como nada tinha a me preocupar, ignorei. Impus uma condição para entregar a gravação ao MPF. Teriam que anuir em meu acordo com o Gaeco. Desesperado para ser protagonista na prisão do Beto e dos dois maiores empresários do Paraná, Deltan concordou e meu advogado foi ao MPF entregar a gravação mediante anuírem. Foi recebido por Deltan, Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor. Deltan se dirigiu ao meu advogado dizendo que ele poderia ‘confiscar’ o pen drive e não assinar nada. Foi contido pelo Carlos Fernando por se tratar de um incidente grave que poderia anular a prova. Deltan, após prender o Beto, determinou que outro procurador pedisse a quebra de meu acordo já transitado em julgado em 2008 como forma de retaliação por tê-lo enfrentado. A soberba e a vaidade fizeram com que cometesse esse ato de deslealdade me proporcionando a reação”, revelou o empresário.
"Nada fiz senão me defender dos métodos da Guantánamo da República de Curitiba", diz Garcia
“Se não estivesse tão embriagado pela notoriedade repentina e soberba desmedida, não teria comprometido tanta gente como a Gabriela Hardt, Moro e desembargadores do TRF-4 nessa empreitada tresloucada por vingança pessoal. Pode com isso ter prejudicado a carreira de muitos. Espero ter atendido aos pedidos para detalhar minha conduta. Nada fiz senão me defender dos métodos da Guantánamo da República de Curitiba, e da Câmara de gás do TRF-4 lavajatista. Agora, em foro isento e apropriado, estou liberto para trazer luz onde só há escuridão. Tic tac tic tac”, acrescentou Garcia.