LAVA JATO DESMASCARADA

Juiz Appio aciona CNJ após "infiltrado da Lava Jato" revelar diálogos

De acordo com a defesa, o juiz teria sido afastado não por ter praticado alguma infração, mas justamente por não ser o nome pretendido pela ‘República de Curitiba’ como o substituto de Moro

O juiz Eduardo Appio.Créditos: Reprodução de Vídeo
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O juiz Eduardo Appio acionou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta quarta-feira (7) para suspender a liminar que o afastou da 13ª Vara Federal de Curitiba, e consequentemente da chefia da Operação Lava Jato, no último dia 22 de maio. A argumentação endereçada ao corregedor-geral de Justiça Luis Felipe Salomão está fundamentada nas últimas conversas obtidas pela imprensa que mostram a relação de proximidade entre procuradores, juízes, desembargadores e policiais federais envolvidos na operação.

As conversas foram reveladas por Tony Garcia ao portal GGN e à Revista Fórum e as mensagens foram trocadas no grupo de WhatsApp da Lava Jato, que passou por varredura da Operação Spoofing. Nas mesmas conversas é possível observar que o desembargador Marcelo Malucelli articulava a entrada do juiz Luiz Antonio Bonat à titularidade da 13ª Vara Federal de Curitiba.

O afastamento de Appio se deu no âmbito de uma apuração do TRF-4 a respeito de uma suposta ameaça feita a Marcelo Malucelli. A denúncia aponta que Appio teria telefonado a João Eduardo Malucelli, passando-se por outra pessoa e pedindo informações a respeito de Marcelo. João Eduardo é filho de Marcelo, além de sócio e genro de Sergio e Rosângela Moro.

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Por sua vez, Appio nega as acusações e um laudo da Universidade Federal de São Carlos apontou no início desta semana que não é possível afirmar que a voz da ligação em questão seja a do juiz. A gravação foi a principal prova analisada pelo TRF-4 para afastar Appio.

De acordo com a defesa, o juiz teria sido afastado do cargo não por ter praticado alguma infração disciplinar, mas justamente por não ser o nome pretendido pela ‘República de Curitiba’ como o substituto de Moro na vara.

“O peticionário [Appio] não foi, de longe, aquele desejado. Era preciso eliminar o contraponto. E isso ocorreu através do exercício de um dever-poder disciplinar enviesado em sua finalidade”, escreveu a defesa. No mesmo pedido, a defesa também alegou que o TRF-4 não reúne as “condições necessárias para promover o devido processo legal, bem como o julgamento justo” de Appio.