Em dura intervenção na CPMI dos Atos Golpistas nesta terça-feira (27), o deputado Duarte (PSB-MA) chamou de "covarde" o coronel Jean Lawand Junior, ex-subchefe do Estado Maior do Exército, que segundo o parlamentar construiu uma narrativa contraditória ao dizer que pedia um "processo de pacificação no país" ao pressionar Jair Bolsonaro (PL) a dar uma "ordem" para o golpe.
Em conversas via WhatsApp com o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, que fazem parte da investigação da Polícia Federal (PF), Lawand garantiria a adesão da cúpula ao golpe só aguardando a "ordem" do então presidente.
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Em sua intervenção, Duarte lembrou uma dessas mensagens, do dia 21 de dezembro de 2022, quando Lawand lamenta que "soube que não ia sair nada" e ouve de Cid: "infelizmente". "Avisem a quem está há 52 dias cagando em banheiro químico e pegando chuva", disse, então o coronel.
"O senhor está aqui tendo a oportunidade de mostrar quem são os tubarões, quem atentou contra a democracia. O seu silêncio é covarde. Sabe por que coronel? O seu silêncio é covarde porque o senhor está permitindo que pessoas estejam presas, quem estava lá a 52 dias cagando em banheiro químico. O senhor está aqui deixando com que elas estejam presas porque o senhor está protegendo os tubarões. O senhor é coronel, não tenha medo", disparou Duarte.
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"O seu silêncio não pode ser covarde. O que de fato aconteceu? Por qual razão no dia 21 de dezembro o senhor se demonstrou decepcionado?", indagou, na sequência, o parlamentar.
"Eu quero manter meu direito ao sigilo", respondeu o coronel, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para poder ficar calado em perguntas que possam incriminá-lo.
"Processo de pacificação do país"
Mais cedo, ao ser indagado pela relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre a troca de mensagens, Lawand confirmou que falava com Cid em razão da "divisão do país" diante da vitória de Lula e confirmou que pressionou o ajudante de ordens por uma "ordem" de Bolsonaro para desencadear o que ele classificou como "processo de pacificação do país".
"A minha conversa, desde a primeira mensagem com o coronel Cid, foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo, as pessoas (golpistas) voltassem às suas casas e voltar à vida normal", disse Lawand, que foi indagado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre quem seria essa "parte" a se manifestar.
"Então, da parte do governo àquela época formado", respondeu. A senadora então insistiu: "Da parte do presidente Jair Bolsonaro?". E Lawand confirmou.
"Sim. A minha intenção... o ex-presidente Bolsonaro tinha uma liderança sobre a população, principalmente sobre seu eleitorado", respondeu.
Mais adiante, Lawand, no entanto, afirmou que não falava de golpe, mas de "um processo para pacificação do país".
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