O coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior, e o general , que atuou como subcomandante de Operações Terrestres do Exército, cujos nomes aparecem nas trocas de mensagens sob a trama golpista articulada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), entraram no radar da CPMI dos Atos Golpistas.
Os dois militares, que estariam articulando apoio ao golpe de Estado junto ao Alto Comando do Exército (ACE), devem ser convocados para depor na comissão por meio de um requerimento que será apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), vice-líder do governo na Câmara, na terça-feira (20), quando ocorre a próxima reunião da CPMI.
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O requerimento, de autoria do deputado federal Rogério Correia (PT) e do senador Fabiano Contarato (PT), que pede a convocação de Mauro Cid, que está preso desde o dia 3 de maio, já foi aprovado e nesta quinta-feira (15) o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o ex-ajudante de Bolsonaro deixe a cadeia para depor na comissão instalada na Câmara Distrital - sinalizando que dará aval também para que o militar seja ouvido na CPMI no Congresso.
"Agora aparecem Edson Rosty, então subcomandante de Operações Terrestres - olha que não era qualquer um - e aparece também Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército. A gente vai vendo que a articulação era grande e, óbvio, incentivada por Bolsonaro através de seu ajudante de ordens. A presença deles, mais do Mauro Cid, são agora as mais esperadas na CPMI. Bolsonaro foi de vez tragado para dentro da CPMI. Ele é a peça a ser investigada", diz o deputado.
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"Por trás de tudo isso está a vontade do ex-presidente Jair Bolsonaro em dar o golpe. Ele vai incentivando aqueles que são aliados a ele da ultradireita, com evidentes tendências neofascistas, e vão se articulando, buscando criar o caos para dar ao ex-capitão a condição de aplicar um golpe, forçando as Forças Armadas a aderirem a essa vontado golpista, ideologizada por esses setores", emendou Correia em entrevista à Fórum.
Rogério ainda compara a situação de Mauro Cid à do "poderoso chefão" Al Capone, que viu seu império criminoso se esfacelar ao ser investigado por sonegação de impostos nos anos 1930 nos EUA.
"Está cada vez mais clara a trama golpista. Se a gente já tinha certeza, agora as provas vão aparecendo aos montes. O celular do Mauro Cid, que aliás foi pego na fraude dos cartões de vacinação, repete a história antiga de Al Capone. Ele é pego no cartão de vacinação e ali está toda a história do golpe", diz o parlamentar.
Roteiro do Golpe
O plano descoberto no celular de Mauro Cid, de acordo com a Veja, se sustenta numa tese controversa segundo a qual os militares poderiam ser convocados para arbitrar um conflito entre os poderes. Ele está contido em um relatório de 66 páginas produzido pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal reunindo material flagrado no celular do ex-ajudante de Bolsonaro.
Nos diálogos encontrados está um entre o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército, com Mauro Cid logo após a derrota de Bolsonaro nas urnas. O contato entre os dois era frequente e Lawand cobrou várias vezes o ex-ajudante de ordens para que o plano fosse colocado em prática.
Em uma das conversas, Lawand relatou o encontro de “um amigo do QG” com o general Edson Skora Rosty, então subcomandante de Operações Terrestres, que teria anuído com a ofensiva. “Foi uma conversa longa, mas, para resumir, se o EB (Exército Brasileiro) receber a ordem, cumpre prontamente”, disse, antes de ponderar: “De modo próprio o EB nada vai fazer, porque será visto como golpe. Então, está nas mãos do PR (presidente)”.
Covardia de Bolsonaro
No entanto, nas conversas entre Cid e Lawand Junior a esperança de reeditar uma Ditadura Militar no país vai dando lugar à revolta diante da covardia de Bolsonaro, a quem caberia dar a ordem para que o plano fosse desencadeado.
Em troca de mensagens no dia 21 de dezembro, Lawand revela sua "decepção" a Mauro Cid após saber que Bolsonaro não daria a ordem para os militares assumirem o poder e decretar o novo golpe.
“Na escuta? Soube agora que não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos”, diz Lawand a Cid, que responde: "infelizmente".
O coronel então regurgita sua revolta diante da covardia de Bolsonaro. “Peça, por favor, para avisarem ao povo que esta há 52 dias cagando em banheiro químico, dormindo mal e pegando chuva. Ele merece saber a verdade.Que Deus se apiede dessa Nação”, surta o militar.