8 DE JANEIRO

Blogueiro bolsonarista, um dos homens-bomba do aeroporto do DF, pediu para ser absolvido

Defesa de Wellington Macedo de Souza, ex-assessor de Damares Alves apontado como um dos envolvidos com atentado a bomba na véspera de Natal, no DF, pediu absolvição sumária

Créditos: Reprodução - Wellington Macedo de Souza, um dos homens-bomba do aeroporto do DF
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Mesmo foragido há seis meses, desde o final de dezembro, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza, denunciado como um dos envolvidos na tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, tentou ser absolvido de forma sumária pela Justiça.

Macedo atuou no como assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, pasta comandada pela hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Os advogados dele apresentaram no final de abril uma defesa prévia em resposta à acusação do Ministério Público de que o blogueiro participou do ato terrorista ao transportar e dar carona a outro envolvido, Alan Diego dos Santos, já condenado, até a região do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal.

A defesa de Macedo pede a “absolvição sumária” do réu, por falta de qualquer embasamento e argumenta que o blogueiro não sabia o que continha na caixa levada por Alan – um artefato de explosivo. Eles se encontraram e se conheceram no acampamento bolsonarista em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, quando decidiram se unir e praticar os delitos, acusa o MP.

O que dizem o MP e a Justiça

O Ministério Público se manifestou, em 16 de maio, contrariamente ao pedido da defesa de inépcia da acusação e lista cinco fatos “incontroversos” contra Macedo, que são:

  1. participava do grupo em frente ao QG do Exército,
  2. manteve contatos com George Washington (quem confeccionou a bomba) e Alan Rodrigues,
  3. prestou auxílio ao Alan na colocação da bomba na traseira do caminhão
  4. dirigiu o carro, que diminuiu a velocidade do carro próximo ao caminhão para a bomba ser instalada,
  5. deixou o local com Alan e que, juntos, os três, com outros, tinham intenção em “causar comoção social para que houvesse intervenção militar e decretação de estado de sítio”.

Para o MP, a participação de Macedo é “clara e específica”.

O juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília acompanhou manifestação do Ministério Público, afirmou não ser caso de absolvição sumária e ainda intimou Macedo, por edital, a depor em 11 de julho.

Quem é Wellington

Wellington Macedo de Souza, de 47 anos, está foragido da Justiça desde dezembro. Ele é suspeito de envolvimento na tentativa de plantar uma bomba em um caminhão em Brasília. O crime ocorreu em dezembro do ano passado, envolvendo três pessoas, das quais duas já se entregaram à polícia - George Washington e Alan Diego dos Santos.

Macedo começou a trabalhar no meio da comunicação cobrindo notícias da região norte do Ceará. Em 2018, passou a publicar notícias alinhadas com o bolsonarismo. Naquele ano ele foi alvo de, pelo menos, 59 ações por danos morais movidas por diretores de escolas do município Sobral, no interior do Ceará, por conta da série de reportagens "Educação do Mal".

Na produção dividida em quatro reportagens veiculadas em seu canal no Youtube, Wellington acusava o município de Sobral de um suposto esquema de fraudes para melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na cidade.

O blogueiro cearense teve um cargo no governo Bolsonaro e pediu dinheiro pelas redes sociais para se esconder da polícia quando já estava foragido.

Com forte presença nas redes sociais, Wellington teve a prisão decretada por Alexandre de Moraes por incentivar atos antidemocráticos no dia 7 de setembro de 2021. Desde então, cumpria prisão domiciliar e usava tornozeleira eletrônica. Mesmo assim, frequentava o acampamento bolsonarista.