TERRORISMO

Veja imagens inéditas da bomba que dispararia golpe de Bolsonaro em Brasília

CPMI dos Atos Golpistas ouviu perito do caso em que golpistas, hoje presos e foragidos, tentaram explodir aeroporto da capital; Veja o que se sabe sobre a bomba

O terrorista George Washington e o arsenal em imagens divulgadas em grupos bolsonaristas.Créditos: Reprodução/Telegram
Escrito en POLÍTICA el

Nesta quinta-feira (22) a CPMI dos Atos Golpistas investiga o episódio em que um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do último Natal, a fim de promover uma situação de caos social que justificasse a famigerada intervenção federal e militar na política nacional. Entre as novidades apuradas, foram divulgadas imagens inéditas do explosivo.

Durante a manhã e princípio da tarde, a CPMI ouviu Renato Carrijo, perito da Polícia Civil do Distrito Federal, na condição de testemunha. Foi ele quem revelou que o explosivo utilizado pelos golpistas George Washington de Oliveira Sousa, Alan Rodrigues e Wellington Macedo é de fabricação industrial e utilizado por pedreiras, em grandes quantidades, para quebrar rochas.

Explosivo encontrado no caminhão de combustível em 24 de dezembro de 2022. Reprodução/TV Senado

Carrijo estava de plantão na delegacia no dia da tentativa de atentado e mostrou aos senadores algumas imagens das bombas apreendidas em 24 de dezembro de 2022. O perito afirmou em seu depoimento que o explosivo é de uso restrito e controlado pelo Exército e que há componentes utilizados em sua fabricação que sequer podem ser vendidos a uma pessoa física.

“Não tenho informações técnicas e precisas sobre como é feito o controle, mas entendo de legislação. Os produtos são perigosos, principalmente os explosivos, são de uso de uso controlado. É distribuído pelo Exército para CNPJs que trabalham diretamente com o uso deste explosivo. Não é qualquer indivíduo que pode simplesmente comprá-lo”, declarou o perito.

Explosivo encontrado com apoiador de Bolsonaro em 24 de dezembro de 2022. Reprodução/TV Senado

A CPMI dos Atos Golpistas investiga uma série de eventos praticados por apoiadores e aliados de Jair Bolsonaro após o segundo turno das últimas eleições que tenham relação com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e possíveis tentativas de golpe de estado para manter o ex-presidente no poder. Entre os episódios investigados estão as ocupações de rodovias, os acampamentos armados diante de edifícios militares, o quebra-quebra em Brasília de 12 de dezembro quando Lula era diplomado, a tentativa de praticar um atentado à bomba no aeroporto em 24 de dezembro e os próprios atos de 8 de janeiro, que culminaram na depredação das sedes dos três poderes.

George Washington de Oliveira Sousa e Alan Rodrigues, acusados de montar a bomba e de colocá-la no caminhão de combustível que se dirigia ao aeroporto, estão presos. O jornalista Wellington Macedo, que trabalhou no gabinete da ex-ministra Damares Alves, é o outro acusado do episódio e está foragido.

Explosivo encontrado em veículo de apoiador de Bolsonaro em 24 de dezembro de 2022. Reprodução/TV Senado

George Washington, que presta seu depoimento como investigado pela CPMI dos Atos Antidemocráticos enquanto essa matéria é publicada, é militante de extrema-direita simpático ao Proarmas e possui registro de CAC (caçador, atirador e colecionador). Nos últimos anos ele gastou mais de 30 mil dólares em um verdadeiro arsenal. Foi preso após a bomba no caminhão ser descoberta e, com ele, a Polícia Federal encontrou um arsenal avaliado em R$ 160 mil.

Com a palavra, o terrorista de Brasília explica seu arsenal à polícia: “Desses itens, o único que eu não tinha licença para possuir eram as dinamites que comprei por R$ 600 de um homem do Pará que me trouxe os explosivos quando eu já estava em Brasília. Eu também não possuía a guia de transporte das armas e caso fosse parado pela polícia na estrada, a minha ideia era acionar o Proarmas para justificar a minha participação em alguma competição de tiro”.

Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em https://benfeitoria.com/ato18 e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br.

George Washington é do interior do Pará e estava em Brasília durante meses hospedado em um apartamento alugado. Meses antes, compareceu à Shot Fair Brazil, em Joinville (SC), a principal feira da indústria armamentista da América Latina, que reúne as personalidades políticas, empresariais e midiáticas do setor. Entre as personalidades políticas estavam Eduardo Bolsonaro, o deputado federal e presidente do Proarmas Marcos Pollon (PL-MS) e a deputada Júlia Zanatta (PL-SC), que ficou famosa nacionalmente meses atrás ao publicar foto com fuzil em que ameaçava o presidente Lula.