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Silvinei Vasques muda o tom na CPMI dos Atos Golpistas: “Fui humilhado”

Ex-diretor-geral da PRF faz emocionado discurso lembrando óbitos de agentes e diz que sua vida corre perigo pela exposição da comissão

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF de Bolsonaro.Créditos: Reprodução/TV Senado
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Após ouvir falas em sua defesa nas intervenções dos senadores Magno Malta e Damares Alves, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, mudou o tom na CPMI dos Atos Golpistas nesta terça-feira (20). Em sua fala subsequente afirmou que por conta da atuação da corporação sob sua chefia e da exposição pela qual sua imagem está passando nas transmissões da comissão, estaria correndo risco de vida. Ele pediu que os parlamentares avaliassem melhor a forma como estão conduzindo o interrogatório público pois se sentiu humilhado.

“Me emocionei aqui [com as falas de Damares e Malta] porque só quem carregou o caixão de um colega sabe como é difícil. Essa polícia enfrentou criminosos que nem sabemos quem são, apreendeu 2200 toneladas de drogas, e eu saí por esse Brasil carregando caixão. Na Covid-19 todo mundo parou, nós não. Cheguei ao final de uma carreira, depois de 29 anos, endo passado por 10 tentativas de homicídio, duas estão no YouTube. Levei mais de 30 tiros de tiros de fuzil na Dutra, em Nova Iguaçu, e mais de 50 tiros no Largo do Bicão no Rio. Além disso, teve a luta que enfrentamos sobre as crianças e depois a perseguição por ter chamado pedófilos de criminosos. Queriam que eu os chamasse de doentes, e foi esse o processo ao qual respondi", começou Silvinei, resumindo o seu currículo e anunciando o que viria adiante.

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A seguir, o ex-chefe da PRF explica que está a disposição dos parlamentares e responderá a qualquer questionamento que lhe seja feito. Defendeu a PRF e, nessa defesa, adiantou o argumento da extrema-direita sobre o 8 de janeiro que minutos mais tarde seria repetido por Flávio Bolsonaro. Para eles a tentativa de golpe seria um "crime impossível".

"Estou aqui hoje, estou respondendo, e posso voltar aqui para responder tudo o que for necessário. Mas a nossa instituição, que luta todos os dias e não tem lado, que está trabalhando agora. Garanto aos senhores que representam a esquerda que a PRF não tem lado. Ela é do povo brasileiro, são do povo brasileiro, gente honesta e comprometida que jamais ia entrar em uma loucura querendo mudar resultado de eleição. Como que a PRF ia mudar o resultado de uma eleição com 60 milhões de eleitores? Esse é um crime impossível" declarou.

A seguir, vem o momento em que ele pede mais discernimento aos parlamentares e reclama sobre ter sido humilhado ao longo da sessão. "Levem consigo essa reflexão. Essa instituição é muito honesta. Olha a quantidade de ouro que a gente apreendeu. Os crimes ambientais que batemos recordes no ano passado, os crimes fiscais. São homens e mulheres honrados que eu tive o orgulho de comandar. Tinha um grupo pequeno querendo tomar a PRF e eu falei no final da noite de eleição: ‘acabou, agora é transição’. Pra que destruir a instituição? Porque queriam cargos? Alguns conseguiram e muitos deles estão aí de canto malhando o governo agora. Saibam disso e, por favor, quando chegarem aos seus gabinetes tentem filtrar, saber o que é verdade, o que é não, procurem saber, porque foi muito difícil ser humilhado", afirmou.

Para concluir, Vasques finalmente diz que sua vida está em risco por conta da exposição pública na CPMI dos Atos Golpista. "Hoje eu não sou mais da ativa. Então é difícil e eu tenho que me cuidar. Aquelas duas mil toneladas de drogas eram das maiores facções do crime organizado da América Latina e quem é que vai me proteger agora, com toda essa exposição que fizeram comigo?", indagou.