GOLPISMO NA MIRA

CPMI dos Atos Golpistas: Soraya Thronicke enquadra Silvinei Vasques, que se esquiva

Senadora do União Brasil resumiu questionamentos não respondidos pelo ex-diretor-geral da PRF; Após declarações do interrogado, sessão foi suspensa por conta da Ordem do Dia no Senado

Soraya Thronicke (União Brasil-MS), senadora.Créditos: Agência Brasil
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A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas ocorridos após as últimas eleições foi suspensa por cerca de uma hora nesta terça-feira (20), às 17h, para atender à Ordem do Dia no Senado Federal. Nos momentos preliminares à suspensão, a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) resumiu em sua fala, de forma direta e incisiva, todos os questionamentos não respondidos ao longo da jornada pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.

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A parlamentar começou fazendo questionamentos a respeito das operações da PRF no Nordeste no dia as eleições e em seguida pediu esclarecimentos sobre outros temas tratados na CPMI dos Atos Golpistas que ainda careciam de resposta. Após a fala de Soraya e de outros dois parlamentares, o presidente da sessão Arthur Maia (União Brasil-BA) anunciou a suspensão da mesma por conta da Ordem do Dia, e autorizou que Silvinei Vasques respondesse, em até 10 minutos, às indagações da senadora. Até a publicação desta nota, a sessão ainda não foi retomada.

Operações da PRF no Nordeste

“A PF descobriu um boletim de inteligência, produzido em outuro de 2022, pela então diretora de inteligência do ministério da Justiça, Marília Alencar, com detalhes sobre as intenções de votos de eleitores do Nordeste. Este documento foi apagado pela senhora Marília Alencar e depois recuperado pela Polícia Federal. Pergunto: o senhor teve acesso a este boletim?”, questiona Soraya Thronicke.

Silvinei se esquivou. “Não tive conhecimento, nunca recebi o documento. Tomei conhecimento disso através da imprensa”, respondeu.

A seguir, Soraya repetiu sua segunda questão. Recordou que à época das eleições o ministro Alexandre de Moraes ordenou que não fossem feitas operações em dia 30 de outubro. “Por que o senhor não respeitou a decisão do ministro Alexandre de Moraes?”, indagou.

Na sua resposta, Vasques afirmou que sim, respeitou a decisão. E leu o trecho final de um ofício da PRF de número 014, conforme dito por ele no microfone, que comprovaria que de sua parte a decisão não teria sido desrespeitada.

“Já que o senhor determinou o cumprimento da decisão, por que os seus subordinados não o cumpriram?”, retrucou a senadora.

“Olha senadora, são 13 mil policiais, se houver um policial…”, tentou responder, mas Soraya não teve paciência para ouvir a explicação sobre sua falta de comando e emendou: “Pode passar para a próxima”.

Currículos

A seguir, Soraya quis saber para quantas e quais empresas, além da Combat Armor Defense, Silvinei teria enviado currículos ou se reunido. Novamente, o ex-diretor-geral da PRF desconversou e não deu as informações requeridas.

“Não é distribuição de currículos. Eu faço visitas. Tinha convites do governo do Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Prefeitura de Florianópolis, muita gente. Eu estava atrás de serviço”, respondeu Vasques.

Bloqueios de rodovias

Na sequência, a senadora apontou que já na noite de 30 de outubro, quando foi anunciado o resultado das eleições, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram a ocupar rodovias estaduais e federais em protesto. Nesse sentido, questionou a inação da PRF em desmobilizar tais manifestações golpistas. Na resposta, Vasques fez uma provocação.

“A senhora disse que nós não combatemos as desobstruções das rodovias. Fizemos todo o esforço possível dentro das limitações da instituição para desobstruir as rodovias. Foi muito difícil, e inclusive no seu estado tivemos muita dificuldade, agimos com rigor e conseguimos desobstruir as vias", afirmou Vasques.

Camisa do Flamengo, número 22, para Anderson Torres

Por fim, Silvinei Vasques foi confrontado com um episódio pelo qual é investigado. Em 26 de setembro de 2022, na Semana Nacional do Trânsito, Vasques presenteou Anderson Torres, então ministro da Justiça de Bolsonaro, com camiseta do Flamengo com o numero 22. "O senhor fez campanha em evento que usou o aparato oficial da PRF. O senhor concorda com isso? O que comenta da atitude pela qual já responde judicialmente?", questionou a parlamentar.

“O evento já tinha terminado. Não tinha celular lá porque era o lançamento da série Operação Fronteira, que é filmada lá no Mato Grosso do Sul, e a Discovery Channel não aceitava que ninguém estivesse com o celular porque era um lançamento apenas para os policiais. O evento já tinha terminado, ficou quem quis, e não era um evento obrigatório. Falei com o ministro para irmos a uma sala cantar os parabéns para o Torres, que era o seu aniversário, mas ele não quis a pequena cerimônia porque sua agenda estava apertada. Então, só estavam os gestores ali, entregamos a camisa para ele. Não fui eu que entreguei a camisa para ele. Não teve divulgação, câmera, filmagem, e ninguém com celular lá para fazer a exposição disso. Se fosse para fazer difusão, estaria na internet", respondeu.

Logo da resposta, Soraya fez sua última intervenção antes da sessão ser suspensa, apontando mais uma mentira do ex-PRF: "Está na internet. Essas imagens estão na imprensa e nas redes sociais".