ATOS GOLPISTAS

Silvinei Vasques faz chacota e mente à CPMI ao dizer que não trabalhou na Combat Armor

Vasquez foi contratado como vice-presidente da Combat Armor no Brasil em janeiro de 2023, após obter a aposentadoria da PRF, e ficou até o início de março, quando a Fórum revelou que ele estava na empresa.

Silvinei Vasquez em depoimento à CPMI dos Atos Golpistas.Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques mentiu em depoimento à CPMI dos Atos Golpistas ao negar que tenha trabalhado na Combat Armor, empresa de blindagem que pertence ao trumpista Daniel Beck sediada em Indaiatuba, no interior de São Paulo.

Vasquez foi contratado como vice-presidente da empresa em janeiro de 2023, dias após obter a aposentadoria da PRF, e ficou até o início de março, quando a Fórum revelou que ele estava no comando da Combat Armor no Brasil

A empresa - fundada em 2019, no início do governo Jair Bolsonaro (PL) - firmou contratos de R$ 36.599.496,36 com a PRF, a maioria deles durante gestão de Vasquez.

Além de Vasques, a Combat Armor nomeou ainda como diretor, também em janeiro, o Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo, que passou para a reserva em março de 2019. Em março de 2022, Lorenzo foi nomeado por Bolsonaro como secretário-executivo do Ministério da Justiça e passou a ser o número 2 da pasta comandada então por Anderson Torres, que está preso desde 20 de janeiro após a Polícia Federal encontrar uma minuta golpista durante busca e apreensão na casa dele.

Indagado pela relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), se havia trabalhado na Combat Armor, Vasquez fez chacota e negou que tenha sido contratado pela empresa.

"Eu estou desde o dia que me aposentei procurando emprego. Acho que meu curriculo aqui foi apresentado, estive nessa empresa, estive em mais de 10 empresas. Estou à procura de emprego, estou à disposição. Ainda não consegui, pois as que quiseram me dar emprego não atenderam as minhas expectativas. Mas, assim que tiver uma oportunidade vou voltar a trabalhar", disse ele, arrancando risos de bolsonaristas na comissão.

Eliziane então insistiu, perguntando se ele procurou a empresa e pediu emprego. O ex-PRF voltou a fazer chacota. "Procurei várias empresas".

A relatora da CPMI então indagou se não havia conflito de interesses em ele pedir emprego na mesma empresa que beneficiou com contratos milionários com o governo. Vasquez respondeu com desdém. "Eu estou aposentado". 

Empresa trumpista

Bolsonaristas na comissão também ironizaram o fato da senadora dizer que a Combat Armor era ligada a Donald Trump. De fato, a empresa pertence a Daniel Beck, que teria se reunido com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) antes da invasão do Capitólio e foi recebido no Planalto no dia 24 de março de 2022, acompanhado do presidente da Combat Armor do Brasil e seu sócio no empreendimento, Maurício Junot de Maria.

Segundo informações obtidas pela Fórum, Beck está no Brasil e acompanha o depoimento de Vasquez, enquanto articula os próximos passos da empresa, que responde a diversos processos por suspeitas de fraudes em licitações.

Em sua breve passagem pela diretoria da empresa, Vasquez chegou a se mudar para Indaiatuba e deu expediente como vice-presidente da Combat Armor.

Segundo informações internas obtidas pela Fórum, o projeto de Beck era fazer a transição, colocando Vasquez na presidência da empresa - Junot voltaria a morar nos EUA.

Porém, diante da divulgação pela Fórum das informações de que Vasquez dava expediente na empresa em meio às investigações sobre os atos golpistas, o ex-diretor da PRF deixou a Combat Armor.

À época, a Fórum entrou em contato com a Combat Armor por e-mail, confirmando por telefone, mas não obteve posicionamento da empresa. O espaço segue aberto para manifestação.