O empresário e ex-deputado Tony Garcia foi às redes sociais na madrugada desta segunda-feira (12) e revelou o que, segundo ele, seria a primeira prova de que foi usado como agente infiltrado por Sergio Moro (União-PR) para tentar levantar provas contra Lula e o PT durante a operação Lava Jato.
Em uma série de denúncias, Garcia afirma que foi coagido a realizar a mando do ex-juiz e atual senador uma série de atividades ilegais, como instalar escutas clandestinas em celas de presos da operação e instigá-los a dar declarações que incriminassem o presidente Lula, o PT e pessoas ligadas a ambos. Moro tem se defendido com ataques pessoais, tentando minar a credibilidade das denúncias.
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No entanto, no tuite publicado nesta madrugada, Garcia publica parte de uma sentença em que Moro faz elogios a ele e confirma que o ex-deputado "participou de diligências destinadas a colher provas".
"Dificilmente, lograria o Ministério Público ou a Justiça colher prova significativa desses fatos complexos sem o auxílio de Antônio Celso Garcia [NR.: nome de Tony Garcia], uma vez que este foi partícipe ou conhecia os fatos. Além disso, o acusado não só revelou os fatos, mas igualmente participou de diligências destinadas a colher provas a eles relativas", diz um trecho da sentença.
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Em seguida, Moro rasga elogios ao agente infiltrado. "Assim, é forçoso reconhecer, na esteira do requerido pelo MPF, que a colaboração de Antônio Celso Garcia foi efetiva e valiosa para a justiça".
"Trago hoje a primeira prova de que Moro e MPF me usaram como agente infiltrado. Essa é parte da sentença onde Moro faz elogios eloquentes à mim em deslindes de casos complexos de interesse da justiça. Deixa claro que para ele e o MPF eu era “o cara”. O que mudou?", indaga Garcia na publicação.
A sentença cita o nome do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Vicente Leal Araújo, que foi citado em inquérito de 2003 da Polícia Federal sobre suposta rede de venda de habeas corpus nos tribunais superiores de Brasília.
Troca de farpas
Na última sexta-feira (9), Moro rebateu as denúncias, chamando Tony Garcia de “patife”. “Qual é a credibilidade da palavra de patifes como Tacla Duran e Tony Garcia que falsificam até mesmo áudios de vídeos e os postam em redes sociais?”, declarou o ex-juiz, fazendo referência a uma montagem em vídeo na qual Moro era vaiado em um aeroporto, compartilhada por Garcia.
Tony Garcia não deixou barato e respondeu a provocação à altura. Também nas redes sociais, qualificou Moro como “criminoso” e afirmou que como tal estaria buscando desqualificar o denunciante, ou seja, ele mesmo. Apontou que Moro está desesperado com as revelações que Garcia fará ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Moro, agora exposto pelos crimes que cometeu, me chama de patife. Atitude típica de criminosos que, ao serem flagrados, tentam desesperadamente desqualificar o denunciante. O STF será a quadra apropriada onde revelarei seus crimes. Sua queda, é apenas uma questão de tempo. Tictac”, escreveu Tony Garcia.
Por que Tony Garcia resolveu denunciar a ‘República de Curitiba’
Para explicar o que o levou a fazer as denúncias, Garcia se disse traído pelo ex-procurador Deltan Dallagnol. “Pergunta recorrente. Por que você trouxe as denúncias somente agora? Vou tentar ser o mais didático possível ao responder. Toda ação, enseja reação, e foi isso que se deu comigo. Tudo começou em 2018 quando a Força-Tarefa da Lava Jato queria a todo custo uma gravação de um empresário”, disse.
Tony Garcia então explicou que esse empresário era presidente de uma empreiteira que foi chantageada pelo chefe de gabinete do então governador Beto Richa, Deonilson Roldo, no gabinete do mesmo ao lado do gabinete do governador no Palácio Iguaçu. “Essa gravação foi feita com um celular IPhone 4 de minha propriedade que emprestei ao empresário. Somente eu tinha a gravação onde a higidez da prova era incontestável. Nem mesmo o empresário tinha uma cópia”, destacou.
Ele relata que ainda em 2013, fui ao MPF onde ficava a Força-Tarefa da Lava Jato. “Falei com o Carlos Fernando e Januário Paludo sobre a gravação. Disseram não poder atuar, visto ser o caso de alçada estadual e não federal. Ao saberem do conteúdo me alertaram que ali teria uma linha muito tênue entre o legal e o ilegal sobre minha atuação no caso concreto. Cinco anos após esse encontro, duas operações da Lava Jato em que estava envolvida a Odebrecht, a gravação passou a ser a cereja do bolo para chegarem ao Beto Richa. Deltan, sabendo o conteúdo bombástico da gravação, delegou ao Diogo Castor a missão de ‘caça ao Tony’”, contou.
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“Eles tinham conhecimento de que eu havia procurado o Gaeco estadual espontaneamente onde fiz uma denúncia. Essa denúncia gerou um acordo, e o Deltan queria porque queria que eu entregasse a gravação ao Gaeco onde teriam prova ‘emprestada’. Irado, Deltan iniciou a retaliação determinando ao condomínio do prédio onde fica meu escritório a lista de todas as pessoas que acessaram meu andar e imagens de câmaras do mesmo. Ele achou que isso me intimidava, mas como nada tinha a me preocupar, ignorei. Impus uma condição para entregar a gravação ao MPF. Teriam que anuir em meu acordo com o Gaeco. Desesperado para ser protagonista na prisão do Beto e dos dois maiores empresários do Paraná, Deltan concordou e meu advogado foi ao MPF entregar a gravação mediante anuírem. Foi recebido por Deltan, Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor. Deltan se dirigiu ao meu advogado dizendo que ele poderia ‘confiscar’ o pen drive e não assinar nada. Foi contido pelo Carlos Fernando por se tratar de um incidente grave que poderia anular a prova. Deltan, após prender o Beto, determinou que outro procurador pedisse a quebra de meu acordo já transitado em julgado em 2008 como forma de retaliação por tê-lo enfrentado. A soberba e a vaidade fizeram com que cometesse esse ato de deslealdade me proporcionando a reação”, concluiu o empresário.