DUQUE DE CAXIAS (RJ)

Servidora nega que tenha vacinado Jair Bolsonaro e diz que foi coagida a fornecer senhas

Entenda a investigação que a PF faz em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, sobre fraude nos cartões de vacinação do clã

Bolsonaro propagandeia cloroquina como suposta cura para a Covid-19 durante a pandemia.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A servidora apontada como aquela que vacinou o Jair Bolsonaro (PL) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), prestou depoimento nesta quinta-feira (4) à Polícia Federal e afirmou que não imunizou o ex-presidente e que foi coagida a entregar sua senha de acesso ao sistema do SUS para que fosse feita a adulteração do cartão de vacinação.

O depoimento da servidora faz parte de uma ampla frente de investigação realizada no município, onde teria sido operado o esquema que fraudou os cartões de vacinação de Jair Bolsonaro, sua filha Laura de 12 anos e mais dois assessores, além do deputado federal Gutemberg Reis (MDB). A PF aponta que servidores da Prefeitura de Caxias, como ela, teriam inserido no ConecteSUS os dados falsificados de vacinação dos citados.

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Gutemberg é irmão de Washington Reis, atual Secretário de Transportes do Estado do RJ e ex-prefeito da cidade, que chegou a ter R$ 2,5 milhões bloqueados pela Justiça por suspeita irregularidades em campanha eleitoral. Vale lembrar que ele estava à cabeça da Prefeitura durante a pandemia de Covid-19, quando o município registrou enormes filas, aglomeração e desorganização durante campanha de vacinação. Os dois irmãos foram eleitos deputados federais no ano passado.

Na última quarta-feira (3) a PF cumpriu uma série de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, em que prendeu o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros 5 assessores de Bolsonaro. Também apreenderam pendrives e celulares na residência do ex-presidente e dos auxiliares que foram alvos da chamada Operação Venire (que em italiano pode ser traduzida ao pé da letra pelo verbo "vir", ou ser usada como gíria equivalente ao verbo 'ejacular'). A investigação agora contará com a análise pericial desses materiais.

De acordo com os dados registrados no ConecteSUS, Bolsonaro teria se vacinado com duas doses da Pfizer. A primeira em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias e a segunda em 14 de outubro no mesmo local. Ainda em Duque de Caxias, sua filha Laura, de 12 anos, teria tomado ambas doses: a primeira em 24 de julho e a segunda em 13 de agosto de 2022. O ex-presidente declarou ontem, após visita da PF à sua casa, que nem ele e nem a filha se vacinaram.

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De acordo com a PF, os dados foram inseridos no sistema em 21 de dezembro. João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de governo de Duque de Caxias, é apontado como o responsável pela inserção dos dados. Ele é um dos presos pela operação Venire. Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, ligada à Prefeitura, teria excluído estes dados e 27 de dezembro, afirmando que foram um “erro”.