Está previsto para esta quinta-feira (25) o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, que vai investigar a tentativa de golpe de Estado deflagrada por manifestantes bolsonaristas no dia 8 de janeiro, quando as sedes do Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e vandalizadas.
Na sexta-feira (26) completa um mês que a CPMI dos Atos Golpistas foi criada pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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Ao longo dessas quatro semanas houve mudanças de estratégia para atuação no colegiado pela base governista. Agora, os parlamentares aliados ao Governo Lula articulam um nome para ocupar a presidência da CPMI e deixar a relatoria para a oposição.
De acordo com a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, inicialmente, havia um acordo que previa o deputado Arthur Maia (União-BA) na presidência da CPMI e o senador Eduardo Braga (MDB-AM) na relatoria. Mas o governo tenta inverter a ordem dando a Braga o comando do colegiado.
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Como o governo já tem maioria entre os membros da comissão, 21 dos 32 membros, a base aliada avalia que é importante assumir a presidência para poder ditar o ritmo dos trabalhos do colegiado e poder pautar ou tirar de pauta os requerimentos de convocações, por exemplo.
Nesse cenário, a relatoria é menos importante do que a presidência, pois com a maioria dos integrantes o governo pode derrotar um eventual relatório contrário apresentando um substitutivo.
As negociações em torno desse assunto ainda devem seguir nesta quarta-feira (24), véspera do possível início dos trabalhos. Caso não haja um acordo, senadores governistas cogitam até adiar a instalação do colegiado para a próxima semana.
CPMI pode ser adiada de novo
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), está entre os que defendem o adiamento do início dos trabalhos da CPMI. Ele avalia que a prioridade do momento é aprovar o novo arcabouço fiscal - que teve o texto base aprovado pelo plenário da Câmara nesta terça-feira (24) e ainda precisa ter destaques apreciados para seguir para votação por senadores e senadoras. A abertura da comissão neste momento poderia atrapalhar a votação da política fiscal.
“A estratégia é baixar o fogo. Estamos trabalhando para isso”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). “A CPMI depende do marco fiscal. Não queremos contaminar essa votação”, observou.
Aliados do governo na Câmara também querem adiar, por no mínimo uma semana, a instalação da CPMI.
Janones na CPMI
A lista de senadores e deputados indicados pelas lideranças partidárias ainda não está completa. Em teoria, o prazo para indicação termina hoja, Um dos nomes que ainda não está confirmado, embora seja muito pedido pela comunidade progressista nas redes, é o do deputado André Janones (Avante-MG).
O parlamentar tem feito campanha para integrar a CPMI. Nesta terça-feira (24), ele fez uma longa postagem nas redes sociais em defesa da própria indicação. Ele considera um erro ser deixado de fora do colegiado.
"O movimento para me deixar fora da CPMI repete o mesmo erro que levou Bolsonaro ao poder: o elitismo e preconceito que faz com que a esquerda, corriqueiramente, ignore a voz que vem das redes", escreveu Janones.