A CPI do MST, organizada pela oposição bolsonarista para desgastar o Governo Lula, começou nesta terça-feira (23) com um festival de censura, baixarias e cara de pau por parte do presidente tenente-coronel Zucco (Republicanos-SP). Investigado pelo Supremo Tribunal Federal como um possível financiador do chamado ‘golpe tabajara’ de 8 de janeiro, ele cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) que lia uma notícia sobre a acusação e denunciava sua ligação com o setor ruralista.
“O presidente da CPI do MST tentou cortar meu microfone, mas não pode impedir um fato de ser divulgado: ele, que é íntimo dos ruralistas, está sendo investigado pelo STF, suspeito de financiar e incentivar os atos golpistas e terroristas do 8 de janeiro”, escreveu Sâmia Bomfim no Twitter após o ocorrido.
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A deputada afirma que ainda teria mais 30 segundos de fala mas que teve o microfone cortado por Zucco, que alegou uma questão de ordem. Para o presidente da CPI, sua investigação no STF e ligação com ruralistas não seriam pautas da sessão.
Na última sexta (19) o ministro Alexandre de Moraes,do STF, decidiu retomar a investigação contra Zucco, acusado de patrocinar e incentivar atos antidemocráticos na Bahia e no Rio Grande do Sul. “Acabou de sair a notícia que o Moraes autorizou a PF a retomar a investigação contra o presidente da CPI do MST pela participação nos atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira”, dizia Sâmia quando seu microfone foi cortado.
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“Deputada Sâmia, aceitei a questão de ordem do deputado Kim Kataguiri. Não vamos permitir ataques pessoais. Sobre essa nota que a senhora falou, já tinha sido publicado. Não é pauta da CPI”, disparou. A referência era a uma questão de ordem apresentada por Kim Kataguiri momentos antes que interrompeu outra fala, dessa vez de Talíria Petrone (Psol-RJ), que lembrava que o relator da CPI, Ricardo Salles (PL-SP) também é investigado pela PF.
Minutos depois Sâmia voltou ao microfone onde protestou pelo corte de sua fala anterior. Longe de terminar a fala, que contava com mais 2 minutos por tempo de liderança, foi novamente cortada. Irredutível, Zucco alegou que não aceitaria sua questão de ordem. Nesse momento começou um bate-boca entre Bomfim e Zucco que durou longos minutos até que a deputada tivesse novamente a palavra.
“Se vossa excelência não tivesse interrompido o meu direito regimental de usar o tempo de líder do meu partido, nada disso teria acontecido. Mas o autoritarismo e a gana de calar nossas vozes é tão grande que o senhor cria uma situação absolutamente constrangedora para o senhor e depois foi obrigado, evidentemente, a cumprir aquilo que diz o nosso regimento (…) Nunca faltei o respeito com o senhor, não utilizei elogio ou palavrão. Li uma manchete. Por que lhe incomoda tanto uma manchete de jornal?,” indagou Sâmia Bomfim.