O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Fábio Augusto Vieira admite que faltou planejamento para a operação policial que deveria ter contido os atos golpistas do dia 8 de janeiro que depredaram as sedes dos Três Poderes.
Nesta quinta-feira (11), Fábio Augusto prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
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A CPI apura os atos terroristas ocorridos em Brasília no dias 12 de dezembro de 2022, quando bolsonaristas radicais promoveram vandalismo, destruíram e atearam fogo em carros e ônibus; e do dia 8 de janeiro de 2023, quando deflagaram atos golpistas e vandalizaram as sedes dos Três Poderes.
Situação atípica
Questionado pelo presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), o coronel da PMDF afirmou que a ausência de um plano operacional pela corporação é uma situação atípica.
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"O planejamento operacional, que é importante dizer, eu tomei conhecimento que ele não havia sido feito. [...] Não é o normal", afirmou Fábio Augusto.
O coronel da PMDF relatou que no dia 6 de janeiro - sexta-feira que antecedeu o domingo, 8 de janeiro, quando houve a intentona golpista - o procedimento comum é que fosse elaborado um planejamento de operações, mas isso não ocorreu.
Fábio Augusto contou que tomou conhecimento do apagão operacional após ler o relatório do interventor federal da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli.
Vigilante avaliou, nas redes sociais,que resposta do coronel apenas reforça o que a CPI tem apurado.
"O coronel da PMDF, Fábio Augusto, confirmou à CPI o que todos já sabemos: não houve planejamento operacional no dia dos atos do dia 8 de janeiro. A competência seria do DOP mas chegamos aonde chegamos. Então, afinal, por que não fizeram?", escreveu Vigilante.
Assista ao momento da pergunta e da resposta:
Suspeito de omissão
O coronel Fábio Augusto é suspeito de ter sido omisso para conter os atos do dia 8 de janeiro e chegou a ser preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Depois, o ministro voltou atrás e o concedeu liberdade provisória no dia 3 de fevereiro, depois da divulgação do relatório do ex-interventor federal da Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli.
Ao conceder liberdade ao ex-comandante da PM, o ministro do STF apontou que, no relatório de Capelli, consta que Fábio Augusto esteve presente na operação contra os terroristas em 8 de janeiro e chegou a ser ferido durante confronto com os golpistas.
Calendário da CPI
Neste mês de maio, parlamentares já ouviram Adauto Lúcio de Mesquita, um dos empresários suspeitos de financiar o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Há dois novos depoimentos marcados para maio. Confira:
- 18 de maio: general Gustavo Henrique Dutra de Menezes (General Dutra), ex-chefe do Comando Militar do Planalto.
Já em junho, há três depoimentos marcados:
- 1º de junho: general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- 17 de junho: general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI;
- 26 de junho: comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves.