MILITARES

Farra dos militares com verba da covid: picanha, coquetel, sorvetes e refrigerantes

Gastos irregulares foram apontados em auditoria do TCU; análise teve como base R$ 15,6 milhões de despesas executadas por Defesa e Forças Armadas

Bolsonaro e militares.Créditos: Marcos Corrêa/PR
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Ministério da Defesa e as Forças Armadas gastaram irregularmente recursos destinados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19 com picanha, salgados típicos para serem servidos em coquetel, sorvetes e refrigerantes. A informação consta em auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) votada na última quarta-feira (29).

A análise teve como base R$ 15,6 milhões de despesas executadas por Defesa e Forças Armadas com recursos enviados pelo Ministério da Saúde a título de ressarcimento ao apoio logístico prestado em ações na pandemia em 2020 e 2021.

O tribunal citou R$ 256 mil de gastos do Exército com salgados típicos para serem servidos em coquetel, sorvetes e refrigerantes. Foram usadas nesses casos verbas de ressarcimento da Covid.

Em função do baixo valor nutritivo e sua finalidade habitual, os alimentos "muito provavelmente não teriam sido utilizados para o reforço alimentar da tropa empregada na Operação Covid-19", de acordo com os auditores.

Carnes nobres

O tribunal apontou também a compra de 12 mil quilos de cortes nobres de carne bovina (filé mignon e picanha) por R$ 447 mil, feitas por apenas duas organizações militares.

O gasto, diz o documento, representa 22% do total do que foi gasto por todas as unidades do Exército com carne bovina em geral, que foi de R$ 2 milhões adquiridos por 45 organizações militares.

Organizações militares aplicaram recursos provenientes de crédito extraordinário para enfrentamento à pandemia do coronavírus em despesas de manutenção de bens imóveis que não preenchiam requisitos de imprevisibilidade e urgência.

Ao todo, foi gasto R$ 1,8 milhão com recursos da Covid para esses fins, excluindo os hospitais militares.

O centro de comunicação social do Exército afirmou à Folha que o órgão pauta sua atuação pelo respeito à legalidade, lisura e transparência na gestão de bens e recursos públicos, bem como pela estreita colaboração com o Controle Externo de seus atos de gestão.

"Diante disso, a Força tem envidado todos os esforços para atender plenamente às demandas e às orientações recebidas do TCU e vem trabalhando, por meio de seu Sistema de Controle Interno, para promover a transparência e a correta aplicação dos recursos públicos", disse.

Com informações da Folha