EX-CHEFE DO ÓRGÃO

Heleno quebra o silêncio sobre golpismo no GSI após Cappelli perguntar onde está "o valentão"

General bolsonarista foi o responsável por nomear a maior parte dos integrantes do GSI que atuaram no Palácio do Planalto em 8 de janeiro e é apontado como um dos conspiradores da tentativa de golpe

Augusto Heleno.Créditos: Marcos Corrêa/PR
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O general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante todo o governo Bolsonaro, decidiu se pronunciar sobre as acusações de estar por trás dos atos golpistas de 8 de janeiro promovidos por bolsonaristas contra o governo Lula. 

A declaração brevíssima de Heleno foi feita à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, após ele ser questionado sobre as recentes falas do chefe interino do GSI, Ricardo Cappelli, que vem colocando no general parte da responsabilidade pela anuência de integrantes do órgão durante a invasão golpista ao Palácio do Planalto. 

"A verdade sempre aparece", disse Heleno, sem comentar nada sobre a atuação dos agentes do GSI que compunham sua equipe e que foram complacentes com os golpistas que invadiram a sede da presidência da República. 

A fala de Heleno vem após uma série de declarações de Cappelli, nomeado interinamente como chefe da GSI após a demissão do general Gonçalves Dias, dando conta de que o ex-ministro de Bolsonaro estaria envolvido com o levante antidemocrático. 

"Ele [Augusto Heleno] desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com ele? (...) Me chama atenção o fato de o valente, o valentão, que vivia aí incitando ataques às instituições da República, estar desaparecido há quatro meses. Cadê ele?", questionou Cappelli em entrevista recente ao site Congresso em Foco. 

Em entrevista à Fórum, Cappelli reforçou as acusações.

"Quem esteve à frente do GSI conspirando abertamente contra a democracia brasileira durante quatro anos foi o general Augusto Heleno (...) Conspiração não passa recibo. Não é fácil constatar a materialidade. Mas é de domínio público as declarações proferidas por ele e por outros incentivando, na tentativa de deslegitimar o resultado das urnas e incentivando levantes contra a democracia brasileira".

Sobre a postura dos agentes do GSI compactuando com o golpismo de bolsonaristas na invasão ao Palácio do Planalto, Cappelli também envolveu Heleno em postagem nas redes sociais.

"O general Heleno 'pilotou o carro' por 4 anos e entregou o 'veículo' avariado e contaminado para o general G.Dias, que pilotou por apenas 6 dias. No 7° dia o carro pifou. De quem é a culpa? Não é possível falsificar a história. Conspiração não passa recibo", declarou, se referindo à equipe do GSI que atuou em 8 de janeiro, composta majoritariamente por nomes remanescentes da equipe de Heleno. 

Membros remanescentes do GSI de Heleno no 8 de janeiro 

Em comunicado oficial divulgado na última quarta-feira (19), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) informou que, no dia dos atos golpistas, o GSI ainda contava com membros remanescentes da gestão Bolsonaro. O posicionamento vai de encontro ao relatado pelo servidor da Polícia Federal lotado na Presidência, fonte da Fórum, dando conta de que os agentes que aparecem nas imagens vazadas da invasão ao Palácio do Planalto são membros da equipe que era liderada pelo antigo chefe do GSI, o general Augusto Heleno. 

"A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio", diz a nota da Secom de Lula. 

"Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI", prossegue o comunicado da presidência. 

Desde 12 de dezembro de 2022, quando bolsonaristas promoveram uma "noite de terror" em Brasília queimando carros e ônibus, a Fórum vem reportando o suposto envolvimento do GSI de Heleno com os atos golpistas a partir de relatos de uma fonte da Polícia Federal lotada no gabinete da presidência da República.