8 DE JANEIRO

CPMI do Golpe: Conheça as polêmicas do bolsonarista que articulou a coleta de assinaturas para instalar a comissão

André Fernandes está no primeiro mandato como deputado federal e já coleciona uma lista de polêmicas tanto nas redes sociais quanto na tribuna da Câmara

Créditos: Agência Câmara - Bolsonarista André Fernandes
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O bolsonarista que conseguiu coletar assinaturas para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os atos golpistas do dia 8 de janeiro foi o cearense André Fernandes (PL-CE), 25. Ele já obteve assinaturas de 218 deputados e 37 senadores e reivindica a presidência do colegiado.

Só que Fernandes está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura os autores políticos e intelectuais por trás dos ataques golpistas. Dois dias antes da invasão às sedes dos Três Poderes, o parlamentar divulgou os atos e ironizou a invasão.

Ele divulgou vídeo no Twitter chamando ato contra Lula no dia da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Após os ataques, o cearense publicou imagem com porta de um armário com o nome do ministro Alexandre de Moraes.

A base governista avalia que a condição de investigado do bolsonarista André Fernandes é um impedimento e a tendência é que, caso o nome dele venha a ser escolhido para presidir a comissão, haja judicialização.

Lista de polêmicas

Além disso, Fernandes não demonstra habilidade para conduzir os trabalhos de uma CPMI. Ele só ganhou projeção nacional não pelo desempenho político, mas pelas polêmicas nas quais se envolve. Como no dia 21 de março, quando perdeu as estribeiras na tribuna do plenário da Câmara e quebrou o microfone ao se exaltar em discurso contra o ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele vai pagar pelo equipamento que custa R$ 1.600.

Dias depois, em 28 de março, em audiência na Câmara, ele foi rebatido pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, por produzir “fake news” sobre uma suposta ligação do PT com uma facção criminosa. O ministro também negou a acusação feita pelo parlamentar de que teria 270 processos. 

As 'tretas' de Fernandes não param por aí. Em março de 2022, o político acusou o filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", de Danilo Gentilli, de fazer apologia à pedofilia. Fernandes declarou que os responsáveis pelo longa deveriam ser presos. Em resposta, o comediante desenterrou uma postagem antiga, em que o parlamentar também fez piada com a pedofilia. 

O deputado, que foi o mais votado em 2022 para o cargo no Ceará, também já fez vídeos no Youtube em que ensinava pessoas a depilar o ânus e fingia cheirar cocaína. Em 2021, ele fez um vídeo ridicularizando seus próprios vídeos antigos, justificando que tinha entre 14 e 15 anos quando os publicara. A mesma desculpa foi dada para as postagens em redes sociais.

Outras alternativas

Diante da inviabilidade de Fernandes para presidir a CPMI do Golpe, o PL já trabalha com um plano B e pode indicar o nome do também bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

Já a base do governo vai mirar no ex-presidente Jair Bolsonaro e não descarta convocá-lo para depor e defende o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator. Já o "blocão" do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenta emplacar o deputado André Fufuca (PP-MA) na relatoria.

O que vem por aí

Mas tudo isso é especulação. O que se sabe é que o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avisou na semana passada que a comissão será instalada na próxima quarta-feira (26).

A princípio, a base governista no Congresso era contra a instalação da CPMI do Golpe. Mas houve uma mudança de estratégia, que agora defende a comissão. Essa guinada ocorreu após serem vazadas e veiculadas pela CNN Brasil imagens que mostram a atuação de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Palácio do Planalto em meio à invasão golpista de 8 de janeiro

De acordo com o regimento interno do Senado Federal, uma vez instalada a comissão, será eleita a mesa diretora dos trabalhos, composta pelo presidente e o vice-presidente, eleitos pelo voto direto e secreto da maioria dos seus membros. O relator será designado pelo presidente, obedecida a proporcionalidade partidária.

Como é uma comissão mista, deve ser formada por 15 deputados e 15 senadores, respeitados os tamanhos das bancadas. A ordem para indicação de membros leva em conta o tamanho dos blocos ou partidos, e são atribuições dos líderes.

A base governista pode repetir o time da CPI da Covid e cogita Calheiros para a relatoria e outros nomes como Omar Aziz, que presidiu o colegiado, Randolfe Rodrigues, que foi vice-presidente, e Humberto Costa, integrante.