A íntegra das imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, divulgadas neste domingo (23), mostram que o Gabinete do presidente Lula (PT), localizado no terceiro andar do prédio, esteve invadido por delinquentes bolsonaristas durante cerca de 1 hora no último dia 8 de janeiro.
Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em https://bit.ly/doc8dejaneiro e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br.
Te podría interesar
As imagens, que somam mais de 900 horas de gravações da data, feitas a partir de dezenas de câmeras, foram liberadas ao público pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido de Ricardo Cappelli, o ministro-chefe interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). De acordo com o jornal O Globo, que foi o primeiro a analisar as imagens, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiveram tanto na antessala como no próprio gabinete da Presidência sem encontrarem qualquer resistência por parte das forças de segurança.
O ex-ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, que foi flagrado pelas câmeras na data, retirou os bolsonaristas do terceiro andar. Ele ainda afirmou ter testemunhado a quebra dos vidros do gabinete e outros atos de vandalismo.
Te podría interesar
Após a divulgação de uma edição das imagens pela CNN, o general foi questionado sobre sua participação e entregou o cargo. Cappelli, que o substitui de forma interina, acredita que a divulgação da íntegra das imagens provará que houve, por parte da CNN, a intenção de prejudicar Gonçalves Dias e o governo Lula, fornecendo uma falsa prova para os bolsonaristas que defendem a tese esdrúxula de que o 8 de janeiro teria sido orquestrado pelo próprio governo Lula.
A Revista Fórum está concorrendo o prêmio Top10 do Brasil do iBest. Contamos com o seu voto!
Voltando ao 8 de janeiro, os primeiros bolsonaristas invadiram o gabinete presidencial às 15h36 após quebrarem sua porta de vidro. Às 16h29, após quase 1 hora de destruição, o general Gonçalves Dias chegou ao local e conseguiu retirá-los. Os últimos bolsonaristas deixaram o local apenas 2 minutos depois da ação do generaç.
A Polícia Militar do Distrito Federal só chegaria ao gabinete presidencial às 16h40, 9 minutos após Gonçalves Dias retirar os últimos bolsonaristas. 20 minutos antes, PMs e agentes do GSI apenas observavam a baderna. O acesso ao gabinete finalmente foi fechado às 17h11 e a área terminou de ser isolada às 20h20.
Funcionários em pânico
Pouco antes dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro subirem a rampa do Palácio do Planalto, quebrarem os vidros que lhe servem de parede e protagonizarem uma verdadeira arruaça no local, funcionários foram flagrados em pânico pelas câmeras de segurança.
Entre as atitudes tomadas, os servidores se apressaram em esconder pertences que estavam na recepção do Planalto. A cena foi registrada às 15h05 e os servidores se concentraram na entrada principal antes que os golpistas chegassem ali. É possível ver a movimentação dos funcionários e os momentos em que mantêm tensas conversas entre si. Após deixarem o local, a Tropa de Choque da PMDF chega à área.
Tropa de Choque defende entrada principal por apenas 16 minutos
Imagens seguintes mostram o momento em que bolsonaristas chegam à entrada principal e começam a depredar o lugar. Antes da chegada dos golpistas, a Tropa de Choque da PMDF defendeu a entrada principal por cerca de 16 minutos, utilizando inclusive bombas de gás lacrimogênio. Ao sair, deixou-a aberta.
Ao constatar que a maioria dos bolsonaristas estava entrando por qualquer parede de vidro destruída, abandonaram a entrada principal para se reagrupar em outro local. Assim como havia dito o presidente Lula, as imagens mostram que o portão principal do Palácio não foi arrombado.
Às 15h19, quando os primeiros invasores aparecem na área, os policiais tentam espantá-los. Os agentes haviam chegado ao local 8 minutos antes. Um dos policiais chega a encostar a porta principal, sem fechá-la completamente, deixando um vão, antes da tropa deixar o local. Dessa maneira, os bolsonaristas sequer precisaram arrombá-la. Após tomarem a recepção principal, imediatamente começou o quebra-quebra.