Na próxima semana está prevista a instalação, no Congresso, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. Ao mesmo tempo, já funciona na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) a CPI dos Atos Antidemocráticos que também apura a tentativa de golpe contra o Governo Lula.
O presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Chico Vigilante (PT), avalia que o trabalho dos senadores e deputados federais na CPMI não terá impacto na atuação dos distritais.
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Vigilante concedeu nesta quinta-feira (20) entrevista à rádio CBN Brasília. Ele reforçou o que disse em recente entrevista à Revista Fórum: o Governo Lula errou ao não articular uma CPI para investigar os atos golpistas.
"Felizmente, essa comissão agora está saindo. E nós vamos continuar com nosso trabalho de investigação local. Isso não terá impacto nenhum sobre o andamento da CPI em andamento na CLDF", declarou Vigilante.
O distrital ressaltou que a CPMI pode avançar no trabalho que já vem sendo feito pela CPI de Brasília.
"A CPMI no Congresso pode convocar o governador do DF, Ibaneis Rocha, e a nossa não pode. Se eles quiserem, poderão avançar nas investigações de autoridades locais que nós, por força de lei, não podemos investigar. Isso vai ajudar a complementar o nosso trabalho", disse.
CPMI agora tem apoio do governo
A mudança de estratégia da base governista no Congresso, que agora quer a CPMI, ocorreu após serem vazadas e veiculadas pela CNN Brasil imagens que mostram a atuação de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Palácio do Planalto em meio à invasão golpista de 8 de janeiro.
Até então, a instalação da CPMI era defendida apenas por bolsonaristas, que tentam sustentar a tese de que foi o próprio governo Lula que "armou" o levante golpista para, depois, responsabilizar seus opositores.
"Cabe agora, à base do Governo no Congresso, escolher os melhores quadros políticos, compor a CPI com esses quadros, ir para cima e investigar tudo o que tem de ser investigado. Temos de trabalhar com a verdade, que é somente uma. E isso vai desmontar qualquer tentativa de palanque sórdido dos que só querem criar confusão e atrapalhar o desenvolvimento do país", afirma Vigilante.
Vídeo do GSI
No epicentro desse ajuste de rota da base do governo Lula no Legislativo está o agora ex-ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias. Os vídeos vazados mostram o militar em meio aos golpistas que invadiram o Planalto no dia 8 de janeiro. O general da reserva pediu exoneração nesta quarta-feira (19).
Vigilante comentou que considera complicado crer na ingenuidade de um homem experiente como G.Dias, mas pondera que ela pode ter sido enganado naquele episódio.
"É complicado acreditar na ingenuidade de um homem experiente, mas acho que ele acreditou demais em pessoas em quem não deveria acreditar. Eu acredito firmemente que ele foi enganado nesse caso, porque inclusive o presidente Lula pediu essas imagens. E foi dito que aquela câmera do terceiro andar do Palácio não estava funcionando", observou o distrital.
Dias apresentou ao menos três versões sobre as imagens feitas pelas câmeras de segurança. Primeiramente, ele teria dito que o sistema havia sido quebrado e não existiriam imagens. Em outra versão, ele se negou a entregar as gravações à CPI dos Atos Antidemocráticos na CLDF porque os arquivos seriam "muito grandes" para serem enviados. Dias também afirmou que não revelaria as imagens pois o GSI havia decretado cinco anos de sigilo.
"Por que essas imagens foram editadas e mostraram desta vez o general G Dias? São imagens que já foram divulgadas. Uma coisa que me intrigou bastante foi que quando fizemos o requerimento dizendo que queríamos todas as imagens daquele dia, do dia anterior e dia posterior, e enviamos nossos técnicos para irem até o GSI e copiar e eles não liberaram", ponderou Vigilante.
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), garantiu nesta terça-feira (18) que vai instalar a CPMI articulada por bolsonaristas e que agora tem o apoio da base governista para apurar os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro na próxima quarta-feira (26).