O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, acaba de dar, nesta quarta-feira (19), uma entrevista à GloboNews em que explica sua demissão, diz o que fazia no Palácio do Planalto enquanto bolsonaristas atacavam o local em 8 de janeiro e denuncia a manipulação das imagens vazadas horas antes pela CNN que dispararam a nova crise. As imagens, que fora de contexto levam a crer que o general estaria auxiliando os golpistas, estão sendo utilizadas à exaustão pela oposição de extrema direita que quer emplacar uma narrativa de que houve uma suposta armação do governo Lula na data.
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“Cheguei ao Palácio quando os manifestantes já tinham rompido o bloqueio militar na altura do Ministério da Justiça. Aquela turma desceu e praticamente invadiu o Palácio. A maior parte do pessoal que invadiu subiu pela rampa. Como o Palácio, nos seus 360 graus, é composto por vidros, as pessoas não entraram pela porta, elas quebraram o vidro. Esse vidro tem 12 milímetros, é extremamente vulnerável. Eu entrei no Palácio depois que foi invadido e estava retirando as pessoas do terceiro e quarto pisos para que houvesse a prisão no segundo piso”, afirmou o general.
Gonçalves Dias afirmou, logo em seguida, que se sentiu revoltado com a forma como essas imagens foram publicadas pela CNN. Na sua opinião, os vídeos foram editados e manipulados para dar a entender que ele estaria ajudando os golpistas.
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“Colaram a minha imagem àquela situação momentânea que acontecia ali, colaram a minha imagem àquele major que distribuía água aos manifestantes, fizeram um corte específico na produção dos vídeos que vocês viram. Aquilo é um absurdo para a minha imagem. Tenho 44 anos de profissão dentro do Exército Brasileiro, sempre pautei minha vida pelos valores éticos e morais. O maior presente que dou a mim mesmo, até hoje, é a honra. Então aquilo é um absurdo. Eu não sei onde vazou. Distribuímos imagens para vários processos, na Polícia Federal, Ministério Público, à Polícia Militar a pedido do Cappelli, e ao Comando Militar do Planalto tendo em vista o inquérito policial militar feito no comando do Batalhão da Guarda Presencial”, desabafou.
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Após o episódio, o general entregou o cargo e, em seu lugar, assumirá Ricardo Cappelli, o braço direito de Flávio Dino no Ministério de Justiça e Segurança Pública, que recentemente atuou como interventor na segurança pública do Distrito Federal após o 8 de janeiro e o afastamento do então secretário da pasta, Anderson Torres, que está preso.
“Estou triste [com o episódio de ter tido a imagem colada aos golpistas]. Coloquei meu cargo a disposição do presidente da República para que toda investigação seja feita”, concluiu.
Mais cedo Gonçalves Dias apresentou um atestado médico e não compareceu à audiência da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Horas depois se reuniu com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, onde foi decidido o seu afastamento.