ESCÂNDALO DAS JOIAS

Em depoimento à PF, ex-ajudante de ordens tenta aliviar para Bolsonaro

Mauro Cesar Barbosa Cid afirmou que ex-presidente solicitou, e não ordenou, resgate de joias em dezembro passado

Bolsonaro e o coronel Mauro César Barbosa Cid, seu ajudante de ordens durante o mandato.Créditos: PR
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O ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro César Barbosa Cid, prestou depoimento no último dia 5 de abril à Polícia Federal sobre o escândalo das joias recebidas do regime da Arábia Saudita. Segundo seu relato, que veio a público nesta sexta-feira (14), as tentativas frustradas de recuperação do conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões teriam começado após um pedido do ex-presidente.

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Bolsonaro teria informado Cid, no início de dezembro de 2022, sobre a joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e lhe pediu que verificasse se dava para regularizar a entrada do ‘presente’. Ele alega que não foi uma ordem, mas um pedido do então mandatário.

Mauro Cid então contatou Júlio César Vieira Gomes, então secretário especial da Receita Federal, que o confirmou a existência do pacote e que já havia um pedido de liberação feito pelo ex-ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, de novembro de 2021. O próprio pacote foi apreendido no mês anterior àquele, na chegada de uma comitiva do Ministério que estava em viagem à Arábia Saudita.

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Ainda no depoimento, Cid relatou que as tratativas com Gomes foram todas feitas via WhatsApp e que o então secretário especial da Receita o orientou sobre como proceder para uma eventual retirada do pacote. Foi o próprio Gomes quem assinou o despacho para que os auditores do aeroporto de Guarulhos acatassem o pedido de Cid.

O ex-ajudante também afirmou que sobre este caso específico, o relato conta da primeira vez em que lhe foi pedida a liberação do pacote. No entanto, de acordo com Cid, eram comuns pedidos da mesma natureza, ou seja, de liberação de supostos presentes recebidos no exterior.

O depoimento de Bolsonaro

Na mesma data, Jair Bolsonaro esteve na sede da Polícia Federal em Brasília para prestar seu depoimento sobre o caso. A oitiva durou aproximadamente 3 horas. O ex-presidente falou a respeito dos 3 pacotes de joias dados supostamente a ele e sua esposa Michelle pela ditadura da Arábia Saudita. Após a sessão, foi para a mansão onde está morando em Brasília.

Ele disse que só teve conhecimento da existência das joias em dezembro de 2022, um ano depois da entrada das mesmas no país. Além disso, o líder da extrema direita brasileira também afirmou que não se lembra quem o teria avisado sobre o pacote de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que estaria retido na Receita Federal do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Entre as explicações de Bolsonaro à PF, uma delas vem justamente para “corrigir” essa contradição. O ex-presidente afirmou que tentou reaver as joias para evitar um suposto “vexame diplomático com a Arábia Saudita”. Seu principal medo era que caso os sauditas tomassem conhecimento da apreensão das joias na Receita Federal, o governo e a diplomacia brasileira seriam constrangidos com a situação.

Em teoria, presentes desta natureza deveriam ser enviados ao acervo da Presidência da República ao invés do acervo pessoal do presidente. O inquérito da PF sobre o qual Bolsonaro foi ouvido busca justamente investigar possíveis crimes de peculato nas suas tentativas de ficar com as joias.

Os três pacotes de joias sauditas

O primeiro pacote, endereçado à ex-primeira-dama, continha um jogo de joias de alto luxo avaliado em R$ 16,5 milhões e acabou apreendido pela Receita Federal quando o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentava trazê-lo ao país sem fazer a devida declaração.

Um segundo pacote, que Bento Albuquerque e sua comitiva conseguiram contrabandear na mesma ocasião, foi entregue a Bolsonaro em dezembro do ano passado. Avaliado em cerca de R$ 400 mil, o pacote continha peças como abotoaduras, caneta, relógio e rosário da marca Chopard – a mesma do primeiro pacote. O ex-presidente entregou este segundo pacote recentemente.

Logo após a entrega dele, surgiu um terceiro e mais antigo pacote de joias, que remonta de sua primeira visita ao país, em 2019. Dentro dele, um relógio Rolex de ouro e diamantes acompanhado de outras joias. O valor avaliado é de aproximadamente R$ 500 mil. Somados, os 3 pacotes beiram os R$ 18 milhões,. Uma quantia e tanto para alguém que sempre vendeu a imagem de homem simples e desapegado de itens de luxo.