Logo que veio à tona, a partir de matéria do jornal Estadão, o escândalo das joias milionárias "dadas" por autoridades da Arábia Saudita em 2021 ao governo brasileiro e que Jair Bolsonaro tentou fazer chegar ao Brasil de maneira ilegal, na última sexta-feira (3), Michelle Bolsonaro reagiu com deboche e ironia.
As peças - um colar, anel, relógio e par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões - vieram escondidas na mala de um assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, não foram declaradas e acabaram apreendidas pela Receita Federal. Nos meses seguintes, o ex-presidente mobilizou diferentes setores do governo para tentar reaver o "tesouro".
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Em sua primeira manifestação sobre o assunto, Michelle fez deboche, mas não explicou nada. "Quer dizer que 'eu tenho tudo isso' e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein? Estou rindo da fata de cabimento dessa imprensa vexatória", escreveu a ex-primeira-dama através dos stories do Instagram.
Apesar do tom irônico, Michelle está preocupada com o desenrolar do tema, visto que o esquema de seu marido para ficar com as joias já é alvo de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Segundo reportagem da CNN Brasil publicada nesta segunda-feira (6), a ex-primeira-dama já acionou um advogado para avaliar um "requerimento formal" com o objetivo de que o conjunto de peças milionárias em diamante sejam enviadas de volta à Arábia Saudita.
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A esposa de Bolsonaro quer ainda, ao consultar o advogado, saber que tipo de correlação pode ser feita entre ela e as joias em questão. Michelle, de acordo com relatos obtidos pela CNN, teria reclamado com aliados que ela foi a "última a saber" do esquema que Bolsonaro encampou para tentar reaver as joias. Neste momento, ela busca auxílio jurídico para se safar do escândalo que já virou caso de polícia.
Polícia Federal
O ministro da Justiça Flávio Dino solicitou formalmente à Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira (6) a "apuração de possíveis fatos criminosos" na tentativa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro de receber ilegalmente joias da Arábia Saudita.
O documento, assinado pelo ministro e encaminhado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, diz que "nos últimos dias, vieram a lume fatos relativos ao ingresso de joias de elevado valor em território nacional, transportadas por ex-ministro de Estado e um dos seus assessores, sem os procedimentos legais, conforme entendimento da autoridade administrativa competente".
"Havendo lesões a serviços e interesses da União, assim como à vista da repercussão internacional do itinerário em tese criminoso, impõe-se a atuação investigativa da Polícia Federal”, diz ainda.
A apuração, que deve começar ainda nesta segunda, ficará a cargo da Superintendência da PF em São Paulo pois é o local onde as joias foram apreendidas. O MPF (Ministério Público Federal) de Guarulhos foi acionado para acompanhar o caso.
Membros da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF) se reúnem nesta segunda-feira para falar sobre o caso. A tendência é que seja unificada a investigação com a PF.
De acordo com Flávio Dino, o caso pode configurar crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro.