Julio Cesar Vieira Gomes, que era o chefe máximo (secretário) da Receita Federal no mandato de Jair Bolsonaro (PL), foi indicado para um cargo em Paris, na França, um dia depois de tentar liberar, por meio de uma ordem escrita e usando um documento oficial do órgão, as joias “dadas de presente” ao ex-presidente pelo governo da Arábia Saudita e que foram apreendidas pela Alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Em 30 de dezembro de 2022, um dia antes do mandato de Bolsonaro terminar oficialmente, ele foi enviado para o posto de adido da Receita Federal em Paris, mas sequer tomou posse no cargo, já que uma decisão do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dias depois, revogou essa e outras nomeações. Curiosamente, em 29 de dezembro, portanto um dia antes da ganhar o cargo, Vieira Gomes teria pressionado a Alfândega de São Paulo a devolver as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seriam um “mimo” à primeira-dama Michelle Bolsonaro, enviadas por aquela monarquia islâmica do Golfo Pérsico.
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Um assessor direto de Jair Bolsonaro, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, da Ajudância de Ordens da Presidência da República, tomou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), pago com dinheiro público e destinado especificamente para essa “missão”, e foi pessoalmente pressionar o funcionário da Receita Federal Marco Antônio Lopes Santanna, usando um telefonema inclusive de Vieira Gomes, para que os objetos caríssimos voltassem para as mãos do chefe de Estado que se despedia do Palácio do Planalto. No entanto, o servidor público não tremeu na base e manteve a retenção do milionário estojo de joias.