Mensagens extraídas após perícia da Polícia Federal no celular de Ibaneis Rocha, governador afastado do Distrito Federal, revela alertas de autoridades com relação aos atos terroristas promovidos por bolsonaristas no dia 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Os diálogos revelam, ainda, que Ibaneis teria sido ludibriado por relatos de Fernando de Souza Oliveira, secretário de Segurança do DF em exercício - já que Anderson Torres, o titular da pasta que atualmente está preso, estava de férias nos EUA -, dando conta de que a situação dos atos antidemocráticos era "tranquila".
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Investigado por suposta omissão na segurança da capital federal no dia do levante terrorista, Ibaneis foi afastado do cargo por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite do dia 8 de janeiro, e alvo de busca e apreensão.
As mensagens no celular do governador afastado mostram que ele mandou colocar todo o efetivo policial na rua diante dos ataques dos bolsonaristas.
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A princípio, no entanto, Ibaneis foi levado a crer que a situação estava sob controle. “Bom dia, governador! Passando pro senhor as últimas notícias...da madrugada e do início do dia...não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes. Tudo bem tranquilo, eles estão lá no...a maioria no QG, mas de forma pacífica e tranquila", diz uma mensagem enviada por Fernando, o secretário de Segurança em exercício, e encaminhada pelo governador ao ministro da Justiça, Flávio Dino.
"Até agora nossa Inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então esse é o último informe pro senhor...Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacífica", diz Fernando em outra mensagem enviada a Ibaneis às 14h31, minutos antes da invasão ao Congresso Nacional. Este relato também foi enviado pelo governador a Dino.
Às 16h43, quando os golpistas já tinham invadido os prédios dos Três Poderes, Ibaneis mandou uma mensagem a Dino afirmando: "Vamos precisar do Exército". Neste meio tempo, a ministra Rosa Weber, presidente do STF, havia alertado o governador: "Já entraram no Congresso!". "Coloquei todas as forças de segurança nas ruas. Estamos cuidando", respondeu Ibaneis.
PF descarta omissão de Ibaneis
"Pela análise da mídia disponível, considerando todo o exposto, de forma cronológica, a investigação não revelou atos do governador Ibaneis em mudar planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do Governo Federal ou mesmo de impedir a repressão do avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo e invasão", diz relatório da Polícia Federal produzido após a análise das mensagens.