ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

À PF, Coronel da PM-DF nega envolvimento com atos terroristas e culpa Exército

Depoimento apresenta semelhanças com o relatório final da intervenção federal na segurança pública do PF; Militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estão envolvidos em episódio relatado

Policiais militares tentam reprimir ataques bolsonaristas a Brasília em 8 de janeiro.À PF, Coronel da PM-DF nega envolvimento com atos terroristas e culpa ExércitoCréditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal e preso na última terça-feira (7) suspeito de participar dos ataques bolsonaristas a Brasília de 8 de janeiro, prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (9). De acordo com o PM, comandantes do Exército teriam frustrado os planos da PM-DF de desmobilizar o acampamento golpista armado diante do QG do Exército.

Naime contou à PF que ainda 2022 houve uma tentativa da PM-DF de desmobilizar o acampamento golpista, que acabou frustrada pelo general Dutra, chefe do Comando Militar do Palácio do Planalto. Dutra estaria cumprindo ordens de Júlio César de Arruda, o comandante do Exército naquele momento.

Em outro momento do relato, Naime revela que durante checagem da área de segurança do Planalto, em 2022, teria sido expulso do local por um capitão do Exército, identificado como 'Roma' e acompanhado de militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O coronel da PM-DF ainda disse que os militares do Exército teriam sabotado reuniões que discutiam a desmobilização dos acampamentos golpistas junto ao comando da PM. O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, também preso, não estaria presente em nenhuma dessas reuniões.

O depoimento de Naime acaba por apresentar uma série de semelhanças com o relatório final da intervenção federal na segurança pública do DF. Assim como o interventor Ricardo Cappelli, que entregou seu relatório em 27 de janeiro, Naime culpa o alto comando do Exército pela não retirada dos acampamentos golpistas.

O coronel também negou que tenha agido com omissão diante dos ataques bolsonaristas e afirma que estava de licença desde 6 de janeiro, quando teria sido feito o planejamento de segurança para a manifestação. Sobre a acusação vinda do ex-comandante da PM-DF, Fábio Augusto Vieira, de que teria sido visto participando da arruaça junto aos bolsonaristas, Naime afirmou que, mesmo em licença teria ido ao local para auxiliar os colegas no cumprimento da prisão dos golpistas.

Naime foi exonerado do seu cargo logo após o início da intervenção federal no Distrito Federal, em 10 de janeiro - seu afastamento já havia sido pelo Ministério Público Federal. O departamento que chefiava recebeu muitas críticas do Gabinete de Transição após o dia 12 de dezembro, por conta dos ataques de depredação bolsonarista realizados após a diplomação de Lula (PT). Naime foi preso na manhã da última terça-feira (7) na quinta fase da Operação Lesa-Pátria, desencadeada pela PF para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão de investigados por participação nos atos terroristas.

Os investigados respondem pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

*Com informações do Uol.