DEU ERRADO

Ex-mulher frustra plano de fuga de coronel da PMDF preso por golpismo

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto é ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da PMDF.Ex-mulher frustra plano de fuga de coronel da PMDF preso por golpismoCréditos: Divulgação/PMDF
Escrito en BRASIL el

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal e um dos presos nesta terça-feira (7), pela Polícia Federal, por suspeita de facilitar os ataques bolsonaristas às sedes dos três poderes em 8 de janeiro, tentou fugir de Brasília com sua família no dia seguinte aos ataques.

Naime fugiria de Brasília, após constatar o fracasso da intentona de 8 de janeiro, com a atual esposa, Mariana Adôrno Naime, e os filhos, mas o plano não foi adiante por conta da ex-mulher, Tatiana Beust. Acontece que um dos filhos de Tatiana estaria escalado para a fuga, o que deixou a mãe bastante irritada quando a própria criança, de apenas 8 anos, a telefonou para contar a novidade.

Tatiana então teria ido buscar o filho, para evitar seu envolvimento na aventura bolsonarista do pai, e relatou que quase foi agredida pela atual esposa de Naime. Ela então acionou a Polícia Civil, onde lavrou um boletim de ocorrência, assim como órgãos de defesa da criança e do adolescente, como o Conselho Tutelar. Tatiana prestou o mesmo depoimento em todos os chamados.

No boletim de ocorrência, datado de 9 de janeiro, Tatiana diz que foi ameaçada por Mariana. A atual esposa de Naime teria dito que a ex-mulher “apanharia de cinto” caso dedurasse o plano de fuga do casal. No final das contas, a movimentação de Tatiana em torno da segurança do filho fez Naime voltar atrás do seu plano de fuga.

O ex-comandante da PMDF, Fábio Augusto Vieira, preso em 10 de janeiro acusado de colaboração com os ataques, afirmou em seu depoimento que teria encontrado Naime entre os arruaceiros bolsonaristas no meio da destruição de Brasília, em 8 de janeiro. Segundo o ex-comandante, Naime estaria de férias na data e vieram de seu departamento as informações de que não haveria risco de manifestações violentas naquele dia.

As informações de Naime entraram em contradição com ofício enviado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, hoje afastado, às vésperas dos ataques. O informe de Dino apontou que a Polícia Federal havia identificado uma “intensa movimentação” de caravanas de ônibus bolsonaristas em direção a Brasília. Dino ainda colocou que a intenção dos manifestantes seria a de “promover ações hostis e danos contra os prédios dos Três Poderes”.

Naime foi exonerado do seu cargo logo após o início da intervenção federal no Distrito Federal, em 10 de janeiro - seu afastamento já havia sido pelo Ministério Público Federal. Seu departamento recebeu muitas críticas do Gabinete de Transição, em 12 de dezembro, por conta dos ataques de depredação bolsonarista realizados após a diplomação de Lula (PT). Naime foi preso na manhã desta terça-feira (7) na quinta fase da Operação Lesa-Pátria, desencadeada pela PF para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão de investigados por participação nos atos terroristas.

Os investigados respondem pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

*Com informações de O Tempo.