ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

O que realmente preocupava Anderson Torres em 8 de janeiro

Investigação da Polícia Federal resgata mensagens trocadas com Fernando Sousa Oliveira, o secretário de Segurança Pública substituto do DF, que revelam reação do titular aos ataques bolsonaristas

Anderson Torres.O que realmente preocupava Anderson Torres em 8 de janeiroCréditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A perícia feita pela Polícia Federal no celular do delegado Fernando Sousa Oliveira conseguiu resgatar mensagens trocadas com Anderson Torres que revelam a principal preocupação do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, atualmente preso, em 8 de janeiro, quando hordas de apoiadores do ex-presidente assaltaram as sedes dos três poderes em Brasília. Naquela data, Oliveira substituía Torres no cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal – o titular da secretaria estava de férias nos EUA.

“Não deixe chegar no Supremo”, disse Torres ao substituto às 15h56, enquanto ocorriam os ataques terroristas. Naquele momento os bolsonaristas já teriam rompido a barreira policial e subido a rampa do Congresso Nacional. Segundo apuração do Blog de Fausto Macedo, no Estadão, essa foi a única ordem do titular da secretaria a Oliveira.

Oliveira entregou o aparelho por livre e espontânea vontade aos investigadores. Já Anderson Torres está preso preventivamente desde 14 de janeiro, quando desembarcou no Brasil após o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança e Pública, ameaçar pedir sua extradição junto ao governo dos EUA caso Torres não se apresentasse até o dia 16 de janeiro.

“O delegado Fernando de Sousa Oliveira realizou o acompanhamento e monitoramento dos fatos em torno dos dias que antecederam a manifestação; solicitou dados e informações adicionais aos seus comandados da Secretaria de Segurança Pública do DF; repassou informações, planejamentos e estratégias adotadas ao governador; e, no que foi possível tentou gerir de forma ativa a atuação da SSPDF e órgãos subordinados, a partir do momento em que se acirraram os ânimos”, diz trecho do relatório da perícia enviado nesta quinta (9) ao Supremo Tribunal Federal.

Além disso, também foi encontrada uma conversa na qual a subsecretária de Operações Integradas do DF, Cíntia Queiroz de Castro, teria dito a Oliveira para não se preocupar que “tudo daria certo” nos protestos. Segundo Queiroz de Castro, as forças de segurança estariam acostumadas aos protestos bolsonaristas e saberiam como agir.

*Com informações do Estadão.