Uma denúncia contra Rubinho Nunes (União Brasil) perante a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo foi apresentada pelos vereadores Luna Zarattini e Hélio Rodrigues, do PT. A denúncia se fundamenta em uma sequência de ações do vereador Rubinho em relação ao padre Júlio Lancellotti, líder religioso e historicamente reconhecido pela defesa dos direitos humanos.
Ao se referir ao sacerdote, Nunes utilizou a expressão "cafetão da miséria" nas redes sociais, solicitando o depoimento do religioso e exigindo a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar Organizações Não Governamentais (ONGs), que trabalham com pessoas em situação de rua e dependentes químicos no centro da cidade.
Te podría interesar
“Vemos aqui como o denunciado associa de maneira torpe o discurso deplorável do munícipe à figura do Padre Júlio Lancellotti”, aponta o texto da denúncia. “Ademais, muito além da situação mencionada, é nítido que o denunciado persegue sistematicamente o estimado Padre Júlio Lancellotti. O próprio Vereador menciona que o Padre deveria ser severamente investigado, e que já apresentou uma representação criminal em desfavor do Padre Júlio Lancellotti”.
Nas palavras de Luna, “não é razoável que um vereador que foi eleito para representar os munícipes da cidade de São Paulo persiga e ofenda um Padre que faz um trabalho reconhecido de socorro e acolhimento à população em situação de rua no Centro de São Paulo”, destaca.
Te podría interesar
Nunes obteve o respaldo de 24 assinaturas na Câmara Municipal e busca mais quatro apoios parlamentares para alcançar o requisito mínimo de 28 assinaturas necessárias para iniciar a instalação da CPI. O vereador obteve a aprovação para convocar o padre, marcando a sessão para 14 de dezembro, a fim de que o religioso prestasse esclarecimentos sobre sua atuação na região da Cracolândia. Ele alega que o trabalho do padre está contribuindo para a manutenção de uma “situação crítica” no Centro.
O documento da denúncia destaca também os direitos previstos na Resolução nº 07/2003, que estabelece “a ofensa ao decoro parlamentar o ato de ofender qualquer pessoa moralmente, bem como desrespeitar a sua dignidade”. Segundo a declaração, “Padre Júlio é um ministro religioso da Igreja Católica Apostólica Romana, sendo de conhecimento público e notório que esta não coaduna com a cafetinagem e que prega valores como a honestidade, lealdade, bondade, verdade, solidariedade, altruísmo, justiça, entre outros. Dessa forma, ao chamar o Padre de 'cafetão da miséria' e acusá-lo de deturpar os princípios católicos, é inegável que o denunciado ofendeu a sua moral, honra e dignidade como pessoa e como líder religioso [...]”.
Recentemente, Lancellotti recebeu a notícia de que será condecorado com a honraria de Professor Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) devido ao reconhecimento de seu impacto significativo “no enfrentamento das expressões da questão social, a defesa intransigente dos direitos humanos, a contribuição na construção de políticas públicas, a luta pela construção de uma sociedade igualitária”, como declarou a Congregação da Faculdade de Serviço Social.