SÃO PAULO

Privatização da Sabesp: deputados quase vão às vias de fato antes da votação na Alesp

À toque de caixa, governo Tarcísio pressiona para colocar a venda da Sabesp em votação na Alesp. Projeto ainda precisa passar pela Câmara paulistana e é criticado por ser um "cheque em branco" para privatistas.

Eduardo Suplicy à frente de manifestantes contra a privatização da Sabesp na Alesp.Créditos: Rodrigo Romeo/Alesp
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Juntamente com aliados do governo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), o "carteiro reaça", provocou uma confusão e quase foi às vias de fato com parlamentares do PT após provocações durante o que pode ter sido o último debate na casa em torno do projeto de privatização da Sabesp, que vai à votação nesta quarta-feira (6).

O bate-boca, que quase resultou em agressão no plenário da Alesp na noite desta terça-feira (5), começou quando o deputado Teonílio Barba (PT) se pronunciava contra a venda da estatal no plenário e foi provocado pelos aliados de Tarcísio.

Fazendo o serviço sujo do governo paulista, o deputado Guto Zacarias (União) fez uma provocação em seguida: "não sou eu quem chamou o PT de ladrão, a Justiça chamou o PT de ladrão", disse, propagando a mentira que provocou indignação na bancada petista.

Um dos deputados do PT, então, reagiu. Foi quando Gil Diniz tomou à frente e empurrou o parlamentar petista. A Sessão foi suspensa na hora pelo presidente da Alesp, André Prado (PL).

Votação

Buscando acelerar o processo da venda da Sabesp para servir a ambição dos empresários ligados ao governo Tarcísio, a Alesp colocará em votação nesta quarta-feira (6), a votação de privatização da estatal de água, mesmo sob forte pressão contrária de grande parcela da população, da oposição e movimentos da sociedade civil.

Para aprovação, são necessários os votos dos 48 dos 94 deputados estaduais. Pelas contas feitas pelo governo, há pelo menos 50 votos certos para a aprovação do projeto.

O governador enviou o projeto de privatização para a Alesp em outubro deste ano. O relatório do deputado Barros Munhoz (PSDB), favorável à privatização, foi aprovado no dia 22 de novembro.

Para justificar a pressa na venda da estatal, Tarcísio disse ter aval das urnas para a privatização ao atacar grevistas que se posicionam contra.

“São contra aquilo que nós defendemos ao longo da campanha, de estudar privatizações, concessões, participação do capital privado nos serviços públicos. Foi um compromisso. E essa posição foi vitoriosa. Não aceitar essa posição é não aceitar o resultado das urnas, é não aceitar o diferente”, declarou.

Tarcísio, no entanto, se esqueceu de fazer um pequeno reparo em seu discurso. Na cidade de São Paulo, Fernando Haddad (PT) teve 54,41% dos votos e venceu a eleição. 

Após a votação na Alesp, a proposta de privatização também precisa, obrigatoriamente, passar pela Câmara de Vereadores da capital paulista, que representa 55% do faturamento da companhia.

O projeto prevê a redução de 50% para 15% do governo de São Paulo na participação acionária da Sabesp, cedendo o controle para grupos privados.

Para especialistas, o projeto é "um cheque em branco", já que não detalha um  plano de investimento para o dinheiro a ser obtido com a venda de ações.