SÃO PAULO

Privatização da Sabesp é aprovada "à força" e com pancadaria na Alesp

Com o plenário vazio e sem a presença da oposição após a expulsão manifestantes contrários ao projeto, a estatal começa a ser entregue ao setor privado

O deputado André do Prado (PL), presidente da Alesp, anuncia o resultado.Créditos: Reprodução/Youtube
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O Projeto de Lei 1501/2023, que prevê a privatização da Sabesp, foi aprovado na noite desta quarta-feira (6) na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) sem a presença da oposição, por 63 votos a 1, após uma grave pancadaria em que manifestantes contrários ao projeto que tentavam ocupar o plenário foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar.

Para passar a valer, o projeto ainda deverá ser discutido na Câmara Municipal de São Paulo, uma vez que a capital paulista representa 44% do faturamento da empresa, que é superavitária. Por lei, quaisquer mudanças na governança da Sabesp podem fazer com que a responsabilidade pelos serviços de esgotamento e saneamento básico passem a ser obrigação do município.

Já na noite da última terça-feira (5), um bate-boca seguido de tentativa de agressão física protagonizado pelo deputado Gil Diniz (PL), o “carteiro reaça”, marcou o último debate do projeto que iria para votação às 17 horas desta quarta-feira. O bate-boca começou quando o deputado Teonílio Barba (PT) se pronunciava contra a venda da estatal no plenário e foi provocado pelos aliados de Tarcísio.

Fazendo o serviço sujo do governo paulista, o deputado Guto Zacarias (União) fez uma provocação em seguida: "não sou eu quem chamou o PT de ladrão, a Justiça chamou o PT de ladrão", disse, propagando a mentira que provocou indignação na bancada petista. Um dos deputados do PT, então, reagiu. Foi quando Gil Diniz tomou à frente e empurrou o parlamentar petista. A Sessão foi suspensa na hora pelo presidente da Alesp, André Prado (PL).

Embalada por esse clima nada republicano, a sessão começou tensa nesta quarta. Por volta das 19h, manifestantes desesperados com a iminente aprovação da privatização da Sabesp tentaram ocupar o plenário. Convocada para evacuar o local pelo presidente da casa, a Polícia Militar pediu que jornalistas se retirassem antes de cumprir sua missão da forma que lhe é mais característica: com violência desmedida.

Em suas redes sociais, a deputada Mônica Seixas (PSOL) falou a respeito do episódio. "A policia militar fez um cerco com spray de pimenta e espancou manifestantes. Tudo isso na casa do povo", afirmou ao compartilhar a foto de um manifestante ensanguentado como consequência das agressões policiais. "A tropa de choque do Tarcísio veio com spray, cassetete e disposição pra bater em manifestante e funcionários nas galerias durante a votação da privatização da Sabesp. O governador quer privatizar a Sabesp à força", completou em outra publicação.

Dito e feito. Após o incidente, tanto os manifestantes foram expulsos, como a oposição se retirou do plenário em protesto contra a ação truculenta da PM. E em um plenário vazio, sem a presença do contraditório, e sobrando agradecimentos à ação policial por parte dos parlamentares afins ao governo Tarcísio, a estatal começa a ser entregue ao setor privado. A sessão retornou por volta das 19h45 e encerrou-se cerca de 50 minutos depois.