A sessão que votava a odiosa privatização da Sabesp na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) precisou ser suspensa pouco antes das 19h desta quarta-feira (6) após a Polícia Militar agredir manifestantes que se colocaram contrários ao desastroso e prioritário projeto do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). As imagens das agressões correm as manchetes da imprensa e as redes sociais.
Revoltados com a iminente aprovação do projeto que coloca um direito humano em mãos privadas, os manifestantes tentaram ocupar o plenário da Alesp. Em reação, parlamentares afins à atual gestão estadual – entre eles o presidente da casa André do Prado (PL) – pediam, aos berros, que fossem retirados e presos.
Antes de tomar conta da cena e evacuar a área reservada ao público à base de gás lacrimogênio e muita pancada, a PM pediu aos jornalistas que deixassem o local - conforme relatado pelo G1.
Nas imagens que circulam nas redes é possível ver os PMs agindo com truculência contra jovens, mulheres e idosos na tentativa de retirá-los do local. Um oficial com a tarja de identificação retirada da farda ordena que os subordinados joguem gás na multidão.
Durante a confusão, Vivian Mendes, liderança da Unidade Popular (UP), que se candidatou ao Senado por São Paulo nas últimas eleições, foi detida. Ainda não há maiores informações sobre eventuais acusações ou se segue detida. Outros três manifestantes foram algemados.
Em outra imagem, divulgada pelo jornalista Guga Noblat, é possível ver um grupo de senhoras idosas sofrendo com os efeitos do gás.
Bombas de gás e cassetete contra manifestantes que protestavam na Alesp contra a privatização da Sabesp.
— GugaNoblat (@GugaNoblat) December 6, 2023
Esperar o que da PM do Tarcísio além de autoritarismo e truculência? pic.twitter.com/w9J8Aaz8pA
Em suas redes sociais, a deputada Mônica Seixas (PSOL) falou a respeito do episódio. "A policia militar fez um cerco com spray de pimenta e espancou manifestantes. Tudo isso na casa do povo", afirmou ao compartilhar a foto de um manifestante ensanguentado como consequência das agressões policiais.
Em outra publicação ela qualificou a ação da polícia como uma "cena de barbárie".
"A tropa de choque do Tarcísio veio com spray, cassetete e disposição pra bater em manifestante e funcionários nas galerias durante a votação da privatização da Sabesp. O governador quer privatizar a Sabesp à força", afirmou.
"É inadmissível a violência policial que ocorreu na votação de hoje. Havia adolescentes no prédio, parlamentares grávidas e idosas, servidores com comorbidades. Muitos foram detidos, agredidos ou atingidos por bombas de gás lacrimogêneo ou spray de pimenta. Pior: o governo ainda tenta continuar com a sessão mesmo com esse cenário totalmente insalubre. A preocupação deveria ser garantir a segurança de todas as pessoas que estão aqui e não aproveitar para votar a privatização às pressas, inclusive com dificuldade de acesso à imprensa. Temos uma preocupação, inclusive, que isso possa acirrar e agravar ainda mais o cenário," afirmou o deputado Guilherme Cortêz (PSOL).
Presidente quer votar
Mesmo com toda a confusão registrada, André do Prado pressionou para que a sessão fosse retomada ainda na noite desta quarta. Perto das 19h45 a sessão foi reaberta.
Para ser aprovado, o projeto precisa de maioria simples em sessão com pelo menos 48 deputados presentes. Caso aprovado, ainda deverá ser discutido na Câmara Municipal de São Paulo, uma vez que a capital paulista representa 44% do faturamento da empresa, que é superavitária. Por lei, quaisquer mudanças na governança da Sabesp podem fazer com que a responsabilidade pelos serviços de esgotamento e saneamento básico passem a ser obrigação do município.