A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais neste domingo (10) para criticar artigo publicado na Folha e assinado pelo jornalista Vinícius Torres Freire, que sugere que o PT estaria fritando o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, por conta de disputas em torno da política econômica do Governo. O título do artigo diz: “Se puder, PT pega, mata e come Haddad”.
Freire começa o escrito apontando que faltam apenas 10 dias para o Governo poder aprovar no Congresso algumas matérias tidas como essenciais para sua política econômica, como a reforma tributária. Aponta que o sucesso econômico do mandato Lula 3 depende diretamente disso e, logo a seguir, cita Gleisi, como uma representante daquilo que considera uma espécie de ala infantil do partido que, em pé de guerra com Haddad, estaria colocando tudo a perder.
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“A presidente do PT disse que, por ela, o déficit seria de ‘%, 2% do PIB em 2024 (…) Hadda quer zerar o déficit (...) Na prática, os manifestos do PT não fazem diferença alguma. Lula decide; Haddad tem evitado as besteiras maiores propostas por colegas de ministério e partido (…) O PT acusa rentistas, entre outros, de querer limitar o déficit. De onde vai tirar dinheiro para financiar o déficit e o pagamento dos juros? Vai tomar emprestado dos rentistas”, dizem alguns trechos do artigo.
O autor bate na tecla de que Haddad, que defende de zerar o déficit, será fritado por Gleisi e pelos setores do PT que apresentam, na sua opinião, “pensamento mágico-tosco”. No fim das contas, o articulista sugere que o projeto dessa ala do PT seria dar um “calote” na dívida pública. “Para quem lê ao menos jornais, é fácil perceber que isso lembra a Argentina”, finaliza o autor
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A resposta de Gleisi veio à altura. Ela começa seu texto afirmando que “liberais e conservadores desconhecem o PT” e sua história de resiliência e superação. Nesse interím, cita o articulista e afirma: “Ele trata debates internos sobre economia com o ministro Fernando Haddad como uma afronta a ele. O PT tem vida, debate e disputa de ideias, e o faz com respeito”.
Em seguida, rebatendo as críticas do jornalista, Gleisi relembra as taxas de juros altíssimas impostas pelo Banco Central mesmo com a inflação controlada e a economia crescendo. Também criticou a “parte obtusa do mercado e seus porta-vozes que pressionam o governo por uma política fiscal restritiva em um país que precisa de investimentos públicos” e negou qualquer possibilidade de calote na dívida pública.
“Não defendemos déficit nas contas públicas. Defendemos investimentos públicos grandes e disponibilização de renda para o povo. Isso gera crescimento econômico. Se para chegarmos a isso precisar fazer déficit não vemos problemas, temos déficit desde 2016 e o país não desestabilizou. Não cresceu também, porque o dinheiro público não foi pra investimentos e renda, ao contrário do que ocorre no governo Lula”, escreveu Gleisi.
“Por último, fica com a mensagem do ex-economista chefe do FMI, acho que pode clarear suas idéias: ‘hoje a maioria dos países avançados registra déficits primários. Elimina-los seria provavelmente catastrófico, pois levaria a graves recessões e provavelmente à ascensão de partidos populistas’”, finalizou Gleisi antes de fazer um agradecimento público a Haddad por “não se furtar ao debate”.