Quase cinco anos após trocar mensagens com Deltan Dallagnol, então procurador-chefe da Lava Jato, sobre a sondagem feita pelos procuradores da força-tarefa para que assumisse o lugar de Sergio Moro, o juiz Danilo Pereira Júnior foi aprovado, finalmente, para assumir o comando da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O nome de Danile Pereira, que aparece em mensagens de Dallagnol nas mensagens interceptadas pela Operação Spoofing, obteve o aval dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRT-4) nesta segunda-feira (27) e ocupará o lugar deixado por Moro, quando o ex-juiz foi alçado ministro da Justiça por Jair Bolsonaro (PL).
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Embora a mídia liberal tenha destacado que Pereira Júnior foi o juiz que assinou a soltura de Lula em novembro de 2019, cumprindo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz tem um longo histórico de relações com a Lava Jato.
Spoofing
Mensagens do grupo Filhos de Januário mostram que Dallagnol chegou a conversa com Pereira Júnior sobre a possibilidade de que ele assumisse o lugar de Moro, após consenso entre os procuradores de que ele seria a melhor escolha.
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"Welter, mensagem do Danilo: 'Oi…vou conversar com o Marcelo e descobrir. Mas, em princípio, o presidente sinalizou que eu e Nivaldo temos impedimento regimental, pois são caras de mesma especialidade'", publicou Dallagnol em 21 de janeiro de 2019 no grupo, sobre a conversa com o juiz.
O descontentamento dos procuradores se deu porque Pereira Júnior ocupava a 12ª Vara que tinha a mesma especialidade - criminal - daquela tocada por Moro, o que gera impedimento segundo item do regimento do Tribunal Regional Federal.
"Danilo é da Vara de Execuções Penais e juizado…13ª é vara de lavagem…nada a ver esse impedimento..salvo engano, no cível eles não colocam impedimento para remoção entre Vara Civel geral e Vara especializada (previdenciária, p.ex)", retrucou Laura Tessler, após Dallagnol dizer que tentaria contato com o então presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores.
À época, o tribunal escolheu para o posto Luiz Antonio Bonat, visto como uma boa opção pelos procuradores da Lava Jato, que agora conseguiram emplacar o preferido.
Segundo magistrados ouvidos pelo site Consultor Jurídico, especializado em temas do judiciário, Pereira Júnior "é muito próximo de Moro e da ala lavajatista do TRF-4, em especial dos integrantes da 8ª Turma do tribunal, colegiado em que atuou como desembargador substituto".
Segundo o site, foi Pereira Júnior o responsável pela declaração de suspeição de Eduardo Appio, considerado "inimigo da Lava Jato", que chegou a assumir a 13ª Vara Federal.
Crítico ferrenho dos métodos da operação, Appio foi afastado na segunda-feira (22) após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) acolher uma representação protocolada pelo desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª turma da corte, que acusou o juiz de ameaça por um suposto telefonema feito ao seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli - que é sócio do escritório de advocacia do senador e ex-juiz da 13ª Vara Federal, Sergio Moro (UB-PR), e namorado da filha do ex-juiz.
Em 2017, Thompson Flores empossou Marcelo Malucelli e Danilo Pereira Junior para os cargos de diretor e vice-diretor do Foro da Justiça federal do Paraná.