LAVAJATISMO

Aposta de Dallagnol e da Lava Jato, juiz Danilo Pereira assume 13ª Vara, alvo de disputa desde a saída de Moro

Danilo Pereira Júnior e Marcelo Malucelli, pai do genro de Moro, que foram os responsáveis pela suspeição de Eduardo Appio, já haviam atuado juntos no Foro da Justiça federal do Paraná, empossados por Thompson Flores.

Danilo Pereira Júnior, Thompson Flores e Marcelo Malucelli no Foro da Justiça federal do Paraná.Créditos: Ajufergs
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Quase cinco anos após trocar mensagens com Deltan Dallagnol, então procurador-chefe da Lava Jato, sobre a sondagem feita pelos procuradores da força-tarefa para que assumisse o lugar de Sergio Moro, o juiz Danilo Pereira Júnior foi aprovado, finalmente, para assumir o comando da 13ª Vara Federal de Curitiba.

O nome de Danile Pereira, que aparece em mensagens de Dallagnol nas mensagens interceptadas pela Operação Spoofing, obteve o aval dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRT-4) nesta segunda-feira (27) e ocupará o lugar deixado por Moro, quando o ex-juiz foi alçado ministro da Justiça por Jair Bolsonaro (PL).

Embora a mídia liberal tenha destacado que Pereira Júnior foi o juiz que assinou a soltura de Lula em novembro de 2019, cumprindo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz tem um longo histórico de relações com a Lava Jato.

Spoofing

Mensagens do grupo Filhos de Januário mostram que Dallagnol chegou a conversa com Pereira Júnior sobre a possibilidade de que ele assumisse o lugar de Moro, após consenso entre os procuradores de que ele seria a melhor escolha.

"Welter, mensagem do Danilo: 'Oi…vou conversar com o Marcelo e descobrir. Mas, em princípio, o presidente sinalizou que eu e Nivaldo temos impedimento regimental, pois são caras de mesma especialidade'", publicou Dallagnol em 21 de janeiro de 2019 no grupo, sobre a conversa com o juiz.

O descontentamento dos procuradores se deu porque Pereira Júnior ocupava a 12ª Vara que tinha a mesma especialidade - criminal - daquela tocada por Moro, o que gera impedimento segundo item do regimento do Tribunal Regional Federal. 

"Danilo é da Vara de Execuções Penais e juizado…13ª é vara de lavagem…nada a ver esse impedimento..salvo engano, no cível eles não colocam impedimento para remoção entre Vara Civel geral e Vara especializada (previdenciária, p.ex)", retrucou Laura Tessler, após Dallagnol dizer que tentaria contato com o então presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores.

À época, o tribunal escolheu para o posto Luiz Antonio Bonat, visto como uma boa opção pelos procuradores da Lava Jato, que agora conseguiram emplacar o preferido.

Segundo magistrados ouvidos pelo site Consultor Jurídico, especializado em temas do judiciário, Pereira Júnior "é muito próximo de Moro e da ala lavajatista do TRF-4, em especial dos integrantes da 8ª Turma do tribunal, colegiado em que atuou como desembargador substituto".

Segundo o site, foi Pereira Júnior o responsável pela declaração de suspeição de Eduardo Appio, considerado "inimigo da Lava Jato", que chegou a assumir a 13ª Vara Federal. 

Crítico ferrenho dos métodos da operação, Appio foi afastado na segunda-feira (22) após o Tribunal Regional Federal  da 4ª Região (TRF-4) acolher uma representação protocolada pelo desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª turma da corte, que acusou o juiz de ameaça por um suposto telefonema feito ao seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli - que é sócio do escritório de advocacia do senador e ex-juiz da 13ª Vara Federal, Sergio Moro (UB-PR), e namorado da filha do ex-juiz. 

Em 2017, Thompson Flores empossou Marcelo Malucelli e Danilo Pereira Junior para os cargos de diretor e vice-diretor do Foro da Justiça federal do Paraná.