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VÍDEO - Senador bolsonarista destila ódio contra indígenas: “Nunca vi procriar tanto”

Marcos Rogério foi relator do Marco Temporal, tese infundada de ruralistas para se apoderar de terras indígenas

Marcos Rogério foi relator do Marco Temporal.Créditos: Waldemir Barreto/Agência Senado/CP
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Durante um evento de produtores rurais em São Francisco do Guaporé (RO) neste último sábado (18), o senador bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO) promoveu uma série de ataques ao processo de demarcação das terras indígenas e ao crescimento populacional dos povos originários no país. 

“Vocês sabem qual é a população indígena do Brasil? Em 2010, no Censo de 2010, nós tínhamos no Brasil 896 mil índios. O último Censo [de 2022] apontou uma população indígena de 1,7 milhão de índios. Em 12 anos, quase 100%; eu nunca vi procriar tanto”, disse, em uma tentativa de ironizar os povos tradicionais. O senador ainda critica de forma bárbara os direitos do modelo autodeclaratório. “Se eu for para uma região meio isolada aí e disser lá: 'Eu sou índio!'. Pronto, sou índio! É autodeclaração”.

O encontro ocorreu no Sindicato dos Produtores Rurais de São Francisco do Guaporé para discutir o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Vale lembrar que essa tese já foi invalidada pelo STF e recebeu veto do presidente Lula (PT) em determinados pontos do projeto relacionado ao mesmo tema, e aprovado no Congresso. Vale destacar que o senador em questão foi o relator dessa mesma proposta e defende a tese infundada de ruralistas para se apropriar de terras indígenas.

Na área, atualmente, três etnias - Puruborá, Migueleno e Kujubim - estão passando por processos de demarcação de terras. De acordo com Marta Antunes, responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, o aumento no número registrado pelo Censo 2022 não está relacionado à procriação e pode ser principalmente explicado por alterações metodológicas implementadas para aprimorar a abordagem e a contagem dessa população.

No mesmo evento, Marcos Rogério faz outras declarações desconexas. “De repente, começa a aparecer índio que não fala nem a língua originária nem a língua local, o português. Tem índio falando inglês, francês, espanhol. É o índio importado que está chegando aqui, e o governo usando isso para fazer demarcação de terra”, afirmou. Ele criticou o governo federal por vetar o marco temporal, alegando que o projeto foi rejeitado "integralmente", embora tenha sido vetado parcialmente.

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) declarou ao UOL que "não há órgão, entidade ou instituição por si próprio que tenha o poder de atestar, declarar, certificar, validar, confirmar ou ratificar a origem de qualquer cidadão enquanto indígena."