O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), recebeu no Palácio Tiradentes neste sábado (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro marcou a reconciliação entre os dois políticos de extrema direita, de olho nas eleições municipais de 2024.Nas últimas semanas os dois trocaram farpas em público, mas após um café em padaria no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte, Bolsonaro negou as desavenças e projetou um retorno ‘triunfal’ à política.
Bolsonaro foi julgado culpado no Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político durante as eleições do ano passado, após ter usado o Palácio do Alvorada para convocar uma reunião com embaixadores onde destilou todas as suas teorias conspiratórias eleitorais, como que as urnas eletrônicas não seriam confiáveis e que o PT fraudaria o pleito. Ele foi declarado inelegível e teve os direitos políticos suspensos por 8 anos. A expectativa do bolsonarismo é conseguir eleger prefeitos no próximo ano.
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“Não teve nenhuma briga [com o Zema]. Da minha parte não teve problema nenhum. É comum, de vez em quando, termos posições diferentes, mas está tudo bem”, disse o ex-presidente logo após o café com o governador mineiro.
“Recebendo o presidente Jair Bolsonaro em Minas. Com um cafezin e pão de queijo, todo mundo se entende”, escreveu Zema nas suas redes ao publicar foto ao lado do ex-presidente.
Mais tarde, após um evento do PL em que participaram juntos, Bolsonaro declarou que voltará “muito mais forte. Viemos para ficar”. O ex-presidente fez questão de deixar claro que as conversas dizem respeito às eleições municipais de 2024 quando perguntado se apoiaria Zema em 2026: "Só discutimos 2026 depois de 2024".
No mesmo evento, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou do seu tempo de fala para atacar a atual primeira-dama, Janja Lula da Silva. Disse que Janja tem vocação para “turistar” enquanto ela, Michelle, teria sido uma primeira-dama muito trabalhadora. Voltou a chamar o PT de “Partido das Trevas”, utilizando a fé alheia como ferramente política.
Atritos
Há duas semanas, em 23 de setembro, Zema esteve no Cpac 2023 (Conferência de Ação Política Conservadora, na sigla em inglês) e deu uma declaração tentando afastar sua imagem da do ex-presidente, anunciando que a “direita precisa se unir”. Para o clã Bolsonaro e seus aliados mais próximos, a declaração soou como uma tentativa de substituir o líder de extrema direita que está sem direitos políticos.
“No ano que vem, eleição municipal, temos de eleger bons vereadores e bons prefeitos aqui em Minas e em todo Brasil e a direita precisa trabalhar unida, nós temos de estar juntos", discursou Zema na CPAC, conferência conservadora que foi importada dos EUA por Eduardo Bolsonaro (PL).
Em fúria, o ex-Secretário de Comunicação da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten, que atua como advogado de Jair Bolsonaro (PL), partiu para cima do governador de Minas Gerais. Nas redes, Wajngarten fez uma série de publicações atacando o discurso do governador mineiro, sem citá-lo nominalmente.
"Muito bacana esse papo de unir a direita, mas quando se olha a realidade, quem o propaga não mexe uma palha pela tal 'direita'", escreveu, ressaltando que Zema "finge de morto", se comportando como "típico gafanhoto".
"O único líder que trabalhou para impulsionar a direita e formar nomes se chama Jair Bolsonaro", emendou.
Depois disso, as últimas semanas registraram uma série de ataques nas redes sociais dos filhos do ex-presidente, em especial o vereador carioca Carlos Bolsonaro, contra Zema.