SENADO

Pacheco e Alcolumbre são cooptados por bolsonaristas na guerra contra o STF

Como pano de fundo da adesão das duas lideranças está a disputa do apoio da extrema-direita para as longínquas eleições para Presidência do Senado. Mas, não é só isso.

Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.Créditos: Jonas Pereira/Agência Senado
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O bolsonarismo e o conservadorismo seguem mais vivos que nunca no Congresso Nacional. E no Senado, os aliados de Jair Bolsonaro (PL) - e o próprio ex-presidente - conseguiram cooptar as duas principais lideranças da casa para entrar na trincheira da guerra aberta contra o Supremo Tribunal Federal (STF): Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP).

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre mostrou seu alinhamento com os bolsonaristas ao colocar em votação e aprovar em 42 segundos um projeto de Lei que coloca amarras nas decisões monocrática dos ministros do STF a leis ou atos normativos dos outros poderes, além de impor um rito ao pedido de vistas.

Já o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, deixou claro que se entrincheirou com os bolsonaristas ao defender um mandato para os ministros da corte, além de pautar no plenário o PL do Marco Temporal, em uma afronta direta ao STF, que considerou a questão inconstitucional em julgamento recente.

Como pano de fundo da adesão das duas lideranças está a disputa do apoio da extrema-direita - e de ruralistas que aderiram à guerra contra o STF em razão do Marco Temporal - para as eleições à Presidência do Senado, que só acontecem em fevereiro de 2025. Mas não é só isso.

Alcolumbre, que comandou o Senado nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, já teria feito um acordo com o ex-presidente. Ele entra na guerra contra o STF em troca dos votos dos bolsonaristas para a eleição que acontece no próximo ano.

Pacheco, que não nutre tanta simpatia dos bolsonaristas, mas, conservador, está alinhado à chamada pauta de costumes. O atual presidente do Senado teria ficado chateado com a ministra Rosa Weber, que pautou a descriminalização do aborto até a 12ª semana ao final do mandato.

O senador mineiro considerou o início do julgamento do tema como traição. Ele teria pedido para o tema não ir a plenário em troca de "segurar a barra do Supremo" nos quatro anos do governo Bolsonaro.

Para Pacheco, Weber jogou fora o esforço que ele fez durante quatro anos para não atiçar os bolsonaristas contra a própria corte.