A praticamente certa indicação de Flávio Dino para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF) tem provocado uma dança das cadeiras no Ministério da Justiça e Segurança Pública, que deve ser desmembrado em dois, atendendo a uma antiga reivindicação de uma ala do PT.
Aqueles que se colocam a favor da divisão argumentam que o Ministério da Segurança Pública estreitaria o contato com as forças de segurança nos Estados e, dessa forma, direcionaria políticas para reduzir a atuação violenta contra a população mais pobre que vive nas periferias.
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A divisão da pasta chegou a ser defendida pelo próprio Lula durante o governo de transição, em dezembro passado. Desde que não fosse feito de forma "atabalhoada".
"Nós queremos que as carreiras de Estado sejam carreiras de Estado. Não queremos que policiais fiquem dando shows nas investigações antes de investigar. Queremos que as pessoas tratem com seriedade as investigações. Nós sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária. Então, nós vamos primeiro arrumar a casa e depois vamos começar a trabalhar a necessidade de criar o Ministério da Segurança Pública", disse o presidente antes da posse.
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Na ocasião, Lula enfatizou que "a questão da segurança será uma das coisas que nós vamos tratar com muito cuidado porque nós não podemos errar". "A gente não pode fazer da segurança pública uma pirotecnia, a gente está cansado de ver dezenas de pessoas serem vítima de ações policiais sem nenhuma explicação".
A criação do Ministério da Segurança Pública também daria mais espaço ao PT no governo. Os dois principais postulantes para assumir o comando da pasta são o atual Secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous - quadro histórico do PT -, e o advogado Marco Aurélio Carvalho, principal expoente do Grupo Prerrogativas.
Ministério da Justiça
No Ministério da Justiça, a sucessão de Dino atrai olhares principalmente para seu braço direito. Secretário-Executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Ricardo Cappeli ganhou a confiança de Lula ao comandar a intervenção federal na segurança do Distrito Federal durante os atos golpistas de 8 de Janeiro.
Cappelli também assumiu interinamente o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após a saída do general Gonçalves Dias. Jornalista de formação, ele foi o responsável pela Comunicação do governo Flávio Dino no Maranhão. O jornalista presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi filiado ao PCdoB até 2015, quando se desfiliou. Atualmente é filiado ao PSB.
Outro nome cotado para substituir Dino no Ministério da Justiça é o secretário nacional de Justiça, Augusto Arruda Botelho.
Advogado criminalista, Arruda Botelho se filiou ao PSB de Flávio Dino em 2022 e disputou vaga na Câmara Federal. É conselheiro da organização Human Rights Watch e um dos fundadores do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e do Projeto Aliança, que tem como objetivo defender de forma gratuita vítimas de violações de direitos fundamentais e de liberdades individuais. O advogado é autor do livro "Iguais Perante a Lei".
Coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho também tem forte apoio de uma parcela do PT, de sindicatos, juristas e associações de advogados para assumir o Ministério da Justiça, caso Damous fique com a Segurança Pública.