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CPMI usa Mauro Cid e Delgatti para indiciar Bolsonaro nos atos golpistas de 8 de Janeiro

Relatório com cerca de 900 páginas será apresentada pela relatora Eliziane Gama e vai enquadrar Bolsonaro como "autor intelectual" do movimento golpista.

Eliziane Gama, relatora da CPMI dos Atos Golpistas.Créditos: Jefferson Rudy/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas vai fundamentar o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) como "autor intelectual" da tentativa de golpe no 8 de Janeiro em dois personagens fundamentais: o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; e Walter Delgatti Neto, o "hacker" de Araraquara, contratado para atacar as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nas cerca de 900 páginas, que serão lidas na sessão que começa às 9h desta terça-feira (17), a relatora vai citar o depoimento de Delgatti Neto à CPMI para embasar o indiciamento de Bolsonaro nos crimes de "autoacusação falsa" e "incitação ao crime".

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Já a delação de Cid - que ficou calado na CPMI - à Polícia Federal deve ser usada para sustentar os crimes de golpe de Estado. Além disso, a relatora deve indiciar Bolsonaro pelo grampo ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

Além de Bolsonaro, o relatório ainda deve indiciar o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. A oposição deve apresentar vistas e um documento paralelo, pedindo o indiciamente do atual ministro da Justiça, Flávio Dino. O texto, no entanto, não deve ser acatado no documento oficial.

Militares

O maior desafio da CPMI é o enquadramento dos militares no relatório já que o próprio ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirma que não houve envolvimento da cúpula das Forças Armadas e declara, inclusive, que o Exército teria sido o responsável pelo golpe não ter se efetivado.

O relatório deve propor um pacto para que militares se afastem da política e deve focar a responsabilização naqueles que já passaram para a reserva.

Ao menos seis generais podem ser indiciados: Dutra de Menezes, Augusto Heleno, Gonçalves Dias, Paulo Sergio Nogueira, Freire Gomes e Ridauto Fernandes. Candidato a vice na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto também constou na lista inicial, mas a dificuldade em constituir provas materiais pode deixá-lo fora da lista de indiciados.

Além de Heleno, o relatório deve enfatizar a participação do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, que seria um dos principais responsáveis por infiltrar os "kids pretos" em meio aos golpistas na invasão das sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.

Os chamados "kids pretos" são agentes das Forças Especiais do Exército e atuam em missões confidenciais de alto risco, como guerrilha urbana, insurgência e movimentos de resistência.

Conforme revelado pela fonte da PF à Fórum, diversas técnicas de guerrilha urbana treinadas pelas Forças Especiais foram usadas pelos golpistas na invasão dos prédios públicos.

Exonerado do governo Jair Bolsonaro (PL), do cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde, em 31 de dezembro do ano passado, Ridauto era integrante das Forças Especiais do Exército e diretor de Segurança e Defesa do Instituto Sagres, organização não governamental (ONG) que reúne militares e tem como principal articulador o general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), a ONG do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.