DEFESA

Lula defende Múcio e diz que Bolsonaro criou "negacionismo" nas Forças Armadas

Em café com jornalistas, presidente ainda falou de seu desapontamento com parte dos militares sob o comando de Bolsonaro, da conversa com general durante atos terroristas e porque não decretou a GLO.

Lula e José Múcio Monteiro.Créditos: Ricardo Stuckert
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Em café da manhã com jornalistas na manhã desta quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que está sob fogo-amigo no governo e falou da relação com a cúpula das Forças Armadas que, segundo ele, aderiram em parte ao "negacionismo" do antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

“Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu que trouxe para cá. Ele vai continuar sendo o meu ministro, porque eu confio nele. Tenho o mais profundo respeito por ele, ele vai continuar. Se eu tiver que tirar ministro cada hora que ele comete um erro vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil”, disse aos jornalistas que fazem a cobertura jornalística no Planalto.

Lula ainda falou da conversa que teve com os comandantes das Forças Armadas indicados por ele e sobre sua visão sobre o papel dos militares.

“As Forças Armadas não são poder moderador como eles pensam que são. As Forças Armadas tem um papel definido na Constituição que é a defesa do povo brasileiro e a defesa da nossa soberania contra conflitos externos. É isso que eu quero que eles façam bem feito”, afirmou.

Lula afirmou ainda que na conversa que teve com o general Júlio César Arruda, do Exército, o brigadeiro Marcelo Damasceno, da Força Aérea Brasileira (FAB), e com o almirante Marcos Olsen, da Marinha, falou do seu desapontamento com os militares sobre o comando de Bolsonaro.

“Eu disse para eles que nunca imaginei que tivéssemos um presidente que tivesse sido expulso das Forças Armadas por má conduta e ao assumir a presidência da República tivéssemos criado um clima negacionista dentro das Forças Armadas”, contou.

O presidente ainda expôs sua contrariedade contra a incitação feita por Bolsonaro para que os militares atuassem no processo eleitoral.

“Eu disse aos Comandantes: o que explica uma comissão de general ir cuidar de urna eletrônica? Qual a lógica? Quem tem que cuidar da democracia são os partidos, a sociedade”.

Em relação à atuação do comando do Quartel-General de Brasília, que protegeu bolsonaristas após os atos terroristas, Lula contou sobre a conversa que teve com Arruda.

"Os tanques estavam protegendo o acampamento. O general me ligou dizendo para que não entrasse no acampamento de noite que era perigoso”, disse.

O presidente ainda explicou o motivo de não ter decretado a chamada GLO, Garantia da Lei e da Ordem, medida que era desejada pelos golpistas, que contavam com os militares assumindo o comando da situação.

“Se esse tivesse feito a GLO, eu teria assumido a responsabilidade de abandonar a minha responsabilidade. Aí assim estaria acontecendo o golpe que as pessoas queriam. O Lula deixa de ser governo para que algum general assuma o governo. Quem quiser assumir governo que dispute a eleição e ganhe. Por isso não quis fazer GLO. Nós tínhamos que fazer a intervenção na polícia do DF porque ela é a responsável pela segurança do DF e quem paga o salário deles somos nós do governo federal”.