Os casos recentes de violência política que o país acompanhou parecem refletir em nova pesquisa Datafolha, divulgada na última quarta-feira (14). Nela, 67,5% dos brasileiros afirmam terem medo de serem vítimas de violência política por ocasião de declararem votos ou posições políticas.
Outro dado que chama atenção é em relação aos 3,2% dos entrevistados que relataram já terem sofrido algum tipo de ataque ou ameaça por motivação política. A porcentagem equivale a cerca de 5,3 milhões de pessoas.
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Para além da violência política direta, entre a própria população, como a que vitimou o guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado pelo agente penal bolsonarista Jorge Guaranho durante sua festa de aniversário, também os arroubos golpistas do atual governo estão reprovados pela população. 90% respondeu que qualquer vencedor das eleições deve tomar posse em janeiro de 2023.
Com exceção do Direito ao Aborto, ao qual 42% declaram ser totalmente contrários, as demais pautas de caráter mais direitista, e especialmente as mais identificadas com o bolsonarismo, apresentaram queda nas preferências da população. Ideias como a defesa às armas, oposição à cotas raciais e a adoção de crianças por casais gays são rejeitadas pela maioria dos entrevistados. Além disso, a pauta da demarcação de terras indígenas aparece ganhando mais apoio.
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O apoio popular a pautas de direitos humanos, políticos e sociais também foi alto. 82,2% disseram concordar com a ideia de que homens e mulheres deveriam repartir igualmente as vagas no Congresso Nacional, além de outros 83,4% que reconheceram a existência do racismo no país – contra 11,3% que o negam. 64,7% declarou apoiar que casais homossexuais possam adotar crianças e ainda houve 67,8% dos entrevistados que declaram apoio às cotas raciais nas universidades.
A pesquisa foi encomendada pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e teve, como conclusão, que os discursos autoritários perderam a força em um país que em 2019 foi avaliado como um dos dez mais propensos a tendências autocráticas no mundo.
*Com informações do Estadão e da Carta Capital.