BOLSONARO ISOLADO

Após banqueiros, representantes do agronegócio também saem em defesa do sistema eleitoral

O agro era um dos poucos setores que ainda não tinha aderido aos manifestos em defesa da democracia, que fazem frente aos ataques de Bolsonaro e ameaças do presidente à realização das eleições

Jair Bolsonaro e a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina.Créditos: Isac Nóbrega/PR
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Nesta quarta-feira (3), a “A Coalizão Brasil - Clima, Florestas e Agricultura”, que reúne 300 representantes dos setores do agronegócio, financeiro, empresas, sociedade civil e academia, divulgou uma carta em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro. A entidade tem entre seus integrantes empresas como Bradesco, Santander, Itaú Unibanco, Natura, Nestlé, Suzano, Vale e Carrefour. 

A iniciativa vem em meio às mobilizações, de diferentes segmentos da sociedade, em defesa do pleito eleitoral e das urnas eletrônicas, como resposta aos constantes ataques de Jair Bolsonaro (PL) à confiabilidade do sistema de votação brasileiro e que ameaçam a própria realização das eleições. Dois grandes manifestos neste sentido foram anunciados: um organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que já conta com quase 1 milhão de assinaturas, e outro elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

A carta da Fiesp, inclusive, ganhou o apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), deixando Bolsonaro ainda mais isolado. Agora, esse isolamento foi reforçado com o manifesto de representantes do agronegócio, um dos setores que mais dão sustentação ao atual governo e um dos poucos que ainda não tinha aderido ao movimento pró-democracia. 

"Nos últimos 37 anos, o Brasil dedicou-se a edificar um regime cidadão, de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres. Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular. É sobre elas que se pavimenta o caminho para um país melhor, mais maduro, melhor conceituado na comunidade internacional, mais apto a liderar o debate e a implementação de agendas urgentes e que provocam mobilização crescente no mundo inteiro, como a da sustentabilidade e das mudanças climáticas", diz a nota da Coalizão Brasil. 

"Ressaltamos que o processo eleitoral é inquestionável e imprescindível para toda e qualquer discussão que vise à prosperidade do país", prossegue a entidade. 

Confira abaixo a íntegra do posicionamento 

"A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura posiciona-se, em diversas ocasiões, em prol de uma agenda que alavanque o desenvolvimento sustentável, a economia de baixo carbono, o combate ao desmatamento e às mudanças climáticas, entre tantos assuntos de uma pauta cada vez mais ampla e transversal. Desta vez, no entanto, nosso movimento vem a público em apoio a uma bandeira sem a qual nenhuma das demais é possível: a defesa da democracia.

Nos últimos 37 anos, o Brasil dedicou-se a edificar um regime cidadão, de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres. Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular. É sobre elas que se pavimenta o caminho para um país melhor, mais maduro, melhor conceituado na comunidade internacional, mais apto a liderar o debate e a implementação de agendas urgentes e que provocam mobilização crescente no mundo inteiro, como a da sustentabilidade e das mudanças climáticas.

O futuro que queremos depende do diálogo entre divergentes e do respeito ao resultado das eleições. Este deve ser um ponto pacífico entre todos os atores que se dispõem a representar a sociedade brasileira à frente de um Estado democrático de Direito.

A Coalizão Brasil divulgou recentemente suas propostas aos candidatos para as próximas eleições. Nossas contribuições giram em torno de três eixos: o combate ao desmatamento e à perda de recursos naturais; a produção de alimentos e o combate à fome; e a geração de emprego e renda. E ressaltamos que o processo eleitoral é inquestionável e imprescindível para toda e qualquer discussão que vise à prosperidade do país.

Sem democracia não há desenvolvimento e sustentabilidade. Sem sustentabilidade não há futuro possível"