GOLPE

Jânio de Freitas relaciona fala de assessor de Trump sobre golpe a Bolsonaro e Moro: "Eleição lavajatista de 2018"

Para jornalista, são "impostores" aqueles que não ligam a declaração de John Bolton, de que Trump patrocinou golpes na América Latina, a ação de Moro e Dallagnol que levou Bolsonaro ao poder no Brasil.

Bolsonaro presta continência ao receber John Bolton em 2018, antes de assumir a Presidência.Créditos: Youtube/Twitter
Escrito en POLÍTICA el

O jornalista veterano Jânio de Freitas esmiuçou em artigo na Folha de S.Paulo deste domingo (17) a declaração golpista do ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA durante o governo Donald Trump, John Bolton, e relacionou ao processo que impediu Lula (PT) de disputar as eleições "lavajatistas" de 2018, quando Jair Bolsonaro (PL) foi eleito com a ajuda incontestável de Sergio Moro, então futuro "super" ministro da Justiça.

Em entrevista à CNN nesta semana, Bolton afirmou que Trump "ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas, você sabe, outros lugares, isso dá muito trabalho".

"Achar que John Bolton, alegados procuradores e promotores americanos, Trump, Bolsonaro, Lava Jato e trapaças judiciais, juiz declarado 'sem imparcialidade e suspeito', Sergio Moro e Deltan Dallagnol, se vistos como partes de um conjunto, formam mera teoria da conspiração, é coisa de impostor ou merece perdão. Se for professor ou jornalista a invocá-la, é impostor porque não conhece nem o seu tempo, nem a história que trouxe a ele. Os outros, como se deve conceder à ignorância involuntária, levam o perdão por pena", escreve o jornalista brasileiro.

Jânio afirmou que Bolton fez uma "inconfidência sugestiva" sobre "a eleição lavajatista de 2018, cujos fatores decisivos são conhecidos só na superfície mais grosseira".

"Nos 17 meses que antecederam a demissão de Bolton por Trump, em 10 de setembro de 2019, houve duas articulações golpistas contra processos eleitorais para presidências latino-americanas", lembra ele. Uma delas é o golpe contra Evo Morales na Bolívia, que caiu diante de um levante de extrema-direita que culminou na acusação de fraude nas eleições de outubro de 2019.

"John Bolton foi o primeiro emissário mandado a Bolsonaro. Caso de urgência: veio ainda antes da posse. Em 29 de novembro de 2018, os dois se trancaram a chave em um quarto da casa de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barras. Presença a mais, só o tradutor. Segredo absoluto, nenhuma informação dos interlocutores nem sobre algum tema, até hoje nenhum vazamento", diz Jânio, sobre o que seria o segundo golpe apoiado por Trump.

O jornalista lembra ainda as "repentinas viagens de Sergio Moro aos EUA, em plena atividade da Lava Jato e sem mais do que pretextos ralos, nem estes ligados ao passos mais ou menos públicos da operação".

"Bolton esteve na ativa externa da 'segurança' por todo o ápice da Lava Jato, a atividade em 2018 para deixar o caminho livre a Bolsonaro. Ano, também, em que funcionários americanos se instalaram aqui a título de colaborar com a Lava Jato", relata.

Jânio ainda fala da contratação de Sergio Moro pelo escritório Alvarez & Marsall, que faz parte da indústria anticorrupção montada pelos EUA, e sua volta ao Brasil para a fadada tentativa de disputar a Presidência neste ano de 2022.

"Entre ida e volta, Moro não teve tempo sequer de se adaptar: precisaria conhecer, entre outros fundamentos, o Direito Comercial americano, a jurisprudência específica e mais as técnicas correlatas. Apesar disso, em meia dúzia de meses voltou com milhões para uma pretendida candidatura à Presidência, já declarada contrária a políticas progressistas", escreve o colunista.

Leia o artigo na íntegra