O presidente Bolsonaro (PL) voltou a comentar sobre o caso do militante bolsonarista Jorge Guaranho, que invadiu a festa de aniversário do guarda municipal e dirigente petista Marcelo Arruda e o matou a tiros, em Foz de Iguaçu (PR).
Em conversa com apoiadores na Porta do Palácio do Planalto, Bolsonaro relativizou o crime cometido por Jorge Guaranho e fez dele uma vítima "dos petistas".
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Aos apoiadores, Bolsonaro aposta na narrativa de que Guaranho foi provocado por Marcelo Arruda.
"Grande parte da imprensa mostrou as imagens do tiroteio dentro do recinto, não mostrou o que aconteceu la fora, nada justifica a troca de tiros. A investigação está sendo concluída [...] pra gente ver que teve um problema lá fora. O cara que morreu, que tava lá na festa, jogou uma pedra no vidro daquele cara que estava com a arma, depois ele voltou e começou o tiroteio onde morreu o aniversariante. O outro ficou ferido no chão, daí o pessoal da festa, todos petistas, encheram a cara dele de chute".
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"O pessoal da festa, todos petistas, encheram a cara dele [Guaranho] de chute. Se esse cara morre de traumatismo craniano, esses petistas vão responder por homicídio", declarou Bolsonaro.
Além disso, o presidente afirmou que "para os petistas, chute na cara de quem tá caído no chão é violência do bem".
Jorge Guaranho teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Paraná. A defesa do militante bolsonarista que assassinou Marcelo Arruda entrou com pedido de prisão domiciliar, caso Guaranho se recupere dos ferimentos.
Marcelo Arruda foi enterrado nesta segunda-feira (11) em Foz de Iguaçu e deixa esposa e três filhos.
"Ele foi para matar petistas", diz Luiz Henrique, amigo de Marcelo Arruda
Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta sexta-feira (12), Luiz Henrique Dias, amigo há 30 anos de Marcelo Arruda - que foi seu vice na chapa que disputou a prefeitura de Foz do Iguaçu em 2020 -, afirmou que ninguém na festa conhecia o bolsonarista Jorge José Guaranho que, segundo ele, esteve no local para "matar os petistas".
"Fiquei o tempo em contato com a Pamela [esposa de Marcelo] e com o filho mais velho deles: ninguém conhecia esse cara [Guaranho] no círculo do Marcelo. Então, esse papo que eu já vi rolando entre bolsonaristas: 'ah, porque era uma rixa', não [existe]. O cara foi lá simplesmente porque ele sabia que tinha uma festa. Ele não foi para atingir o Marcelo. Ele não foi para atingir a Pamela. Ele foi para matar os petistas que estavam lá", disse ele, que esteve na festa.
Luiz Henrique afirmou ainda que se não fosse a ação de Pâmela, que é policial civil e empurrou o bolsonarista, o que permitiu a reação de Marcelo, haveria uma "chacina" no local.
"Ela estava com o bebê lá, foi a primeira vez que ela saiu com o bebê. Na hora que aconteceu o bebê estava com alguém. O Marcelo salvou a família dele. Tinha criança lá. A ação da Pamêla, que está de licença maternidade, foi muito corajosa e o fato dele ter pulado em cima do cara foi fundamentalmente para que o Marcelo tivesse uma reação para evitar uma tragédia maior. Eu vi no boletim de ocorrência que tinham 11 projéteis ainda. Ele poderia ter descarregado essa munição e mais ninguém ali estava armado. Então, poderia ser realmente uma chacina", contou.
Luiz Henrique ainda destacou o caráter pacifista de Marcelo, que nasceu na favela do Cemitério, em Foz do Iguaçu, e abriu mão de disputar as prévias do PT para a prefeitura em favor do amigo.
"O Marcelo gravou o primeiro programa eleitoral dele (em 2018) na favela do Cemitério, onde ele cresceu. Uma favela que fica na barranca do Rio, na fronteira do Brasil com o Paraguai. E nós gravamos no meio de onde o povo sofre. O Marcelo sempre dizia: Luiz, eu sou favelado, eu vim da favela, eu passei no concurso público, mas eu não esqueço de onde eu vim. E ele desceu lá - o cara é polícia - e as pessoas reconhecem: o Marcelo morou aqui, ali, veio no barzinho comprar suspiro. O Marcelo era biólogo de formação, defensor dos animais, dos nossos córregos", disse Luiz Henrique.