Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (9), o presidente do PSOL de São Paulo e vereador por São José do Rio Preto, João Paulo Rillo, externou algumas preocupações sobre as recentes movimentações do pré-candidato do PSB ao governo de São Paulo, Márcio França.
A partir de matérias veiculadas na imprensa, tomou-se conhecimento de que Márcio França pode desistir de disputar o Palácio dos Bandeirantes e concorrer a uma vaga no Senado. Mas o problema nessa articulação, para Rillo, está no fato de que isso ocorreria pela chapa do pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Rodrigo Garcia, e não pela frente petista, com quem o PSB, partido de França, está coligado.
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"Me parece que o Márcio França vai decidir de acordo com os seus próprios interesses. Enquanto não tiver uma decisão do PSB, a gente não consegue avançar em uma aliança e porque eu acho isso ruim? Tanto o PT quanto o PSOL têm acúmulo, tem militância, tem experiência administrativa, conhece o estado de São Paulo, tem capilaridade e poderia construir a candidatura do Haddad com muito mais intensidade, no entanto, o Márcio França não decide. Na minha opinião ele vai levar isso ao máximo que ele puder, porque tem uma questão lógica: com a saída de cena do Doria (que renunciou à pré-candidatura à presidência), ele tem apostado numa autonomia do grupo do Rodrigo (Garcia, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB) e passa a dialogar com esse grupo”, critica Rillo.
Em seguida, Rillo afirma que, apesar de serem informações públicas, não houve desmentido até este momento. "Foram duas informações que não foram desmentidas. Primeiro: que ele e o Paulinho da Força (Solidariedade), em nome de um altruísmo e de aproximar o Rodrigo da campanha do Lula, abriram diálogo com ele, inclusive com a possibilidade de o França ser candidato ao Senado pela chapa do Rodrigo. Outra notícia e que também não foi desmentida: o encontro do presidente nacional do PSB (Carlos Siqueira) com o Rodrigo Maia para tratar de Rio de Janeiro e São Paulo. De novo foi falado da possibilidade de o França ser candidato ao Senado pela chapa do Rodrigo", diz João Paulo Rillo.
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Para o presidente do PSOL paulista, a movimentação de Márcio França tem relação com uma investigação contra ele e seu irmão que corre na Justiça. "Esse movimento me preocupa e por quê? Eu não vou entrar no mérito da denúncia contra o Marcio França, aliás, eu acho que o PSDB utilizou de maneira leviana e essa denúncia foi instrumentalizada: Uma operação, que chama Raio X, investiga convênios na Saúde e o Marcio França e o seu irmão (o médico Cláudio França) ao que me parece, estão envolvidos, teve busca e apreensão, enfim. Isso foi usado de uma maneira violenta, estilo Lava Jato. Essa denúncia preocupa o Márcio França".
"Na minha avaliação, Márcio França não será candidato ao governo do estado de São Paulo de jeito nenhum: não tem aliança, não tem capilaridade, não tem bancada federal, não tem bancada estadual que justifique uma candidatura ao governo. Ele se mantém bem hoje (nas pesquisas eleitorais), mas em uma polarização a candidatura dele se esvazia. Ele não é candidato. A preferência dele é ser candidato ao Senado, até porque ele tem muitas chances", analisa Rillo.
Em seguida, Rillo afirma que caso França saia candidato ao Senado pela chapa do PT e fica à frente do candidato do tucano, ele teme que ser alvo de uma operação e ter a sua candidatura inviabilizada. "Qual é a preocupação do Marcio? Se ele não mantém uma relação civilizada com a turma do Rodrigo e for candidato ao Senado pelo nosso campo e o outro lado viabilizar uma candidatura ao Senado e ficar par a par, ele pode ser alvo de uma investigação que derrube a candidatura dele. Não temos todos os elementos, mas parece que essa investigação está enraizada e é muito séria, inclusive pega gente do PSDB. Por isso que tem lógica tudo isso: o lugar mais seguro para ele ser candidato ao Senado seria ao lado de Rodrigo Garcia".
Rillo afirma que o comando nacional do PT não pode permitir que França saia candidato ao Senado pela chapa tucana. "Ou o Marcio mantém a candidatura dele até o final e se ele for ao segundo turno com Haddad, ótimo, será uma vitória do campo democrático, ou ele sai candidato ao Senado pelo nosso campo. Pois, em um eventual segundo turno entre Rodrigo e Haddad, seria muito ruim o PSB estar com o Rodrigo. O Alckmin faz o que no segundo turno?".
Além disso, João Paulo Rillo afirma que seria uma tragédia a candidatura de França ao Senado na chapa do PSDB, pois, pode inviabilizar a vitória de Fernando Haddad, hoje primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto.
“Isso seria trágico, porque nós temos muito mais chance de vencer a eleição enfrentando o Bolsonarismo em São Paulo, e é aí onde o Alckmin terá um papel muito importante. Hoje, o antibolsonarismo é maior que o antipetismo, mas o antipetismo em São Paulo existe e não é desprezível, vide a rejeição do Haddad, embora não seja comprometedora, mas é alta. A nossa maior chance de ganhar, e não é pouca, é enfrentar o bolsonarismo. Uma candidatura do Rodrigo junta todo mundo contra nós, inclusive o bolsonarismo. Então, se o Márcio França se junta com a candidatura do Rodrigo com a desculpa de que busca aproximá-lo à candidatura do Lula, isso é uma facada na candidatura do Haddad. Isso não pode acontecer. Aí qual vai ser a utilidade do Alckmin no segundo turno?", questiona o presidente do PSOL de São Paulo.
Confira abaixo a integra da entrevista: