JAIR BOLSONARO

"Tinha áudios que incriminavam Bolsonaro", revela ex-presidente da Petrobras

Declaração revelada pelo Metrópoles foi dada em conversa de WhatsApp com economistas

Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras.Créditos: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O economista Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras, disse em uma conversa de WhatsApp privada neste domingo (26) que manteve conversas com o presidente Jair Bolsonaro (PL) que poderiam incriminar o chefe do Executivo. Castello Branco, no entanto, não deu detalhes sobre isso.

"No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo [Bolsonaro]. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”, disse Castello Branco em discussão em grupo de WhatsApp com o economista Rubem Novaes, que o sucedeu no comando da estatal.

Ele não entrou em detalhes sobre quais seriam os crimes que o presidente teria cometido. As mensagens foram reveladas pelo portal Metrópoles.

Novaes acusava Castello Branco de atacar o governo. 

“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade (sic). Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [dos convites] e quando falo procuro evitar ataques”, retrucou Castello Branco.

O ex-presidente da Petrobras ainda classificou Bolsonaro como "psicopata": “Já ouvi de seu presidente psicopata que nos vagões dos trens da Vale, dentro da carga de minério de ferro vendido para os chineses, ia um monte de ouro”.

Novo presidente indicado por Bolsonaro não preenche requisitos

A revelação da troca de mensagens acontece em meio às tensões diante da sucessão do comando da Petrobras. Caio Paes de Andrade, assessor do ministro Paulo Guedes, não atende a alguns requisitos técnicos necessários para o cargo previstos na Lei das Estatais e seu nome pode se transformar em disputa judicial.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vai realizar um ato na porta da Petrobras na segunda-feira (27) contra a indicação. O Conselho de Administração da estatal se reúne neste dia justamente para avaliar a indicação, que foi respaldada com ressalvas no Comitê de Elegibilidade da estatal. 

Para os petroleiros, a indicação de Paes de Andrade "desqualifica" o cargo. "O novo indicado para assumir a presidência da Petrobrás, Caio Mário Paes, que é próximo a Paulo Guedes na pasta de Desburocratização do ministério da Economia, não tem a menor experiência em gestão conforme exigido pelo decreto 8.945 que regulamenta a Lei das Estatais (13.303/2-16) que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública. Na seção VII do decreto, o artigo 28 diz que é obrigatório ter formação acadêmica compatível e notório conhecimento compatíveis com o cargo", diz a entidade.

Para a Federação Única dos Petroleiros, Bolsonaro está em desespero político eleitoral e, por isso, insiste em culpar a Petrobrás pela escalada de preços dos combustíveis e, consequentemente, pela inflação galopante. A entidade destaca que o presidente poderia ter modificado a política de preço de paridade de importação (PPI), principal responsável pela alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, desde o início do governo.

Em e-mail enviado ao Comitê de Elegibilidade da Petrobras, Paes de Andrade revelou que Bolsonaro não pediu a modificação da política de preços dos combustíveis da Petrobras.