PETROBRÁS

Petrobras: Presidente indicado por Bolsonaro não atende requisitos

Acionistas minoritários e a FUP notificaram o conselho da companhia sobre inconsistências no currículo de Caio Paes de Andrade

Caio Mário Paes de Andrade.Créditos: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
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A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados enviou nesta quinta-feira, (23) um ofício ao conselho da Petrobras responsável por avaliar o currículo dos candidatos indicados à presidência apontando que o nome escolhido pelo governo Jair Bolsonaro (PL) não pode assumir o comando da estatal. Caio Paes de Andrade, assessor do ministro Paulo Guedes, foi o indicado e não atende a alguns requisitos técnicos necessários para o cargo previstos na Lei das Estatais.

Em ofício apresentado ao Comitê de Elegibilidade da estatal, a Anapetro, que reúne petroleiros que também são acionistas da companhia, alerta ainda que “caso o nome seja aprovado, buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários, quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista”.

“O Senhor Andrade não possui notório conhecimento na área, além de ser formado em comunicação social, sem experiência no setor de petróleo e energia”, diz o documento. A associação aponta que Paes de Andrade não atende aos requisitos relativos ao tempo exigido de experiência profissional e à formação acadêmica compatível com o cargo.

A Anapetro destaca ainda que o candidato não apresentou certificado de conclusão dos cursos que diz ter feito em universidades nos Estados Unidos: pós graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University.

A área de compliance da companhia já teria alertado sobre essas irregularidades.

"As frequentes trocas de presidentes e de conselheiros, e suas motivações, geram tremenda instabilidade na economia e na própria empresa, como um terremoto, uma onda sísmica que se propaga desde o Conselho de Administração, Diretoria Executiva, corpo gerencial, técnico e operacional, lá na ponta de linha. A indicação de Caio Paes de Andrade não atende minimamente aos critérios definidos na legislação e no estatuto social da companhia. É um acinte. A Petrobrás é do estado brasileiro, não do governo de plantão. Criada pelo povo e agigantada por seu corpo técnico, cuja competência e dedicação são inquestionáveis, se consolida diariamente através dele", afirma a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosângela Buzanelli.

Segundo o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot, “o governo trata a Petrobrás como uma empresa de fundo de quintal em total irresponsabilidade e falta de respeito aos acionistas e à importância da empresa para a sociedade brasileira. Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à venda".