Em discurso a oficiais no Dia do Exército, Jair Bolsonaro (PL) instou as Forças Armadas a participarem das eleições de 2022 e deu recado citando o tuite do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, que ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018, um dia antes do julgamento de um habeas corpus que poderia devolver a liberdade ao ex-presidente Lula (PT), preso injustamente pelo então juiz Sergio Moro (União), que viria a ser o primeiro ministro da Justiça do atual governo.
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Ao listar a interferência dos militares "em todos os momentos difíceis" que o Brasil atravessou, Bolsonaro errou a data - falando 2016, ano do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff (PT) - para se referir à ameaça de Villas Bôas, que estava presente no ato.
"Quando se fala em Exército Brasileiro vem à nossa mente que todos os momentos difíceis que nossa nação atravessou as Forças Armadas, o nosso Exército, sempre esteve presente. Assim foi em 22, em 35 e em 64 [ano do golpe militar] e em 86, com a transição, onde participação ativa do então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, a transição foi feita com os militares e não contra os militares. Também agora em 2016, em mais outro momento difícil de nossa nação, a participação do então comandante do Exército, Villas Bôas, marcou a nossa história", disse Bolsonaro.
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Em seguida, Bolsonaro se referiu diretamente aos militares falando das "tentativas de tomadas de poder", antes de falar de que as próximas eleições, que disputará contra Lula, terá participação efetiva das Forças Armadas.
"As tentativas de tomada de poder, de mudanças em nosso governo e de alterações na nossa forma de viver. Isso inadmissível em todos os momentos da História, as Forças Armadas, o Exército, a fez", emendou.
Ecoando o discurso do comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, Bolsonaro voltou a falar em "liberdade" e disse que "as Forças Armadas sabem o que é melhor para o seu povo".
"As Forças Armadas não dão recado. Elas estão presentes. Elas sabem como proceder, sabem o que é melhor para seu povo, o que é melhor para seu país. Elas têm participação ativa na garantia da lei e da ordem, da nossa soberania e do regime ao qual o povo quer viver. E nós sabemos que esse regime, acima de tudo, está a liberdade", afirmou.
Em seguida, Bolsonaro mandou recado para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Tenho dito que nossa preocupação é com o cumprimento da Constituição, é com o bem estar de todos, com a paz e a harmonia. E todos sabem que a alma da democracia repousa na tranquilidade e na transparência do sistema eleitoral", disse Bolsonaro, emendando que "não podemos jamais ter eleições no Brasil que por ela paire o manto da suspeição".
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