Para quem viveu a ansiedade trucidante da eleição de 2022, quando o Brasil por um triz não caiu no abismo, a divulgação de pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo provoca um déjà-vu nada agradável. Nesta quinta-feira (5), o Datafolha soltou mais uma sondagem e o resultado, seja em aspectos positivos ou negativos, não fedeu nem cheirou. Há um cenário que não é exatamente de congelamento, mas que, em vias gerais, sinaliza estabilidade. Só que com um triplo empate, razão da angústia permanente do paulistano e dos cidadãos que acompanham o processo eleitoral na maior cidade do país.
Boulos 23%, Marçal 22% e Nunes 22%. Os ponteiros mexeram muito pouco, isso para não dizer quase nada. No entanto, esses números, e alguns outros sobre recortes dos candidatos em relação aos eleitores, podem ser uma indicação de que as coisas melhoraram para o candidato do presidente Lula (PT) na disputa.
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O primeiro sinal é de que Marçal chegou no teto. Ele tem a mais aguerrida e fanática das militâncias, está em evidência de forma jamais vista numa eleição municipal, dobra jornalistas como se dobrasse envelopes, e tem uma colossal máquina digital, além de uma fortuna para gastar. Cresceu até o patamar dos 21% primeiramente, só que 15 dias depois foi a 22%, um mísero ponto percentual sendo o nome que está em todos os veículos de comunicação 24 horas por dia.
Outro aspecto, e parece que ainda mais fundamental, é a rejeição. Boulos carregou esse estigma de “o mais rejeitado” desde a eleição passada, de 2020, contra o hoje falecido Bruno Covas (PSDB). Realmente sua rejeição colaborou para a vitória tranquila do neto do célebre governador paulista. Agora, pela primeira vez, Boulos perde esse título. Marçal atingiu a marca de 38% do eleitorado dizendo que em hipótese alguma votaria nele, contra 37% do candidato do PSOL. É pouco, mas é uma vitória.
Com a rejeição crescente de Marçal e uma estagnação pós “explosão” do coach, a ser confirmada nas próximas pesquisas, Guilherme Boulos deve celebrar uma mudança que cenário que, ainda de acordo com o Datafolha, manteve sua possibilidade de vitória, agora por 45% a 39%, sobre o forasteiro goiano.