Assisti toda a arguição de Celso Amorim no Senado, na Comissão de Relações Exteriores, na manhã desta quinta (15). O tema, obviamente, era Venezuela. Apesar de minha admiração por ele, poderia ter sido mais incisivo. Parece haver uma constante preocupação de membros do governo em não fazer enfrentamento político e evitar atritos com a direita e a extrema direita (você pode assistir a sessão AQUI).
Não seria o caso de reconhecer Maduro, mas vocalizar - o que Lula tb fez - a proposta de novas eleições representa ingerência indevida, que contraria a Constituição brasileira. Em seu artigo 4o., entre outros tópicos, ela assim coloca: "Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção..
Receio que a proposta de novas eleições seja também a posição da Casa Branca. Nem Maria Corina aceita isso, uma vez que ela proclama a vitória da oposição.
Presente na sessão estava Sérgio Moro (UB-PR), que fala em "candidatura inabilitada" na Venezuela, para emendar que Maduro seria um ditador. Ninguém no recinto tomou da palavra para lembrar ao parlamentar suas ações em 2018, quando mandou prender Lula. Damares alega seu trabalho em defesa da proteção às crianças e não há uma voz que se levante para denunciar suas ações nas aldeias indígenas e suas intervenções escandalosas sobre sexualidade infantil. Além dela, estavam presentes, entre outros, Tereza Cristina, Esperidião Amin, Humberto Costa e Veneziano Vital do Rêgo. Falas medíocres, todas.
A bancada da dita esquerda foi lamentável. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) é um farsante de marca maior. Os maiores ataques à Venezuela partiram dele. Ninguém ali lembrou do embargo econômico, do sequestro de reservas e do roubo da Citgo, a refinaria venezuelana no Texas. E ninguém levantou as lebres de El Salvador, Peru (onde a equipe de Lula apoiou o golpe), Argentina, Israel etc. E principalmente, ninguém fala do que representa Washington nisso tudo. Para além do Senado, até aqui, a melhor posição é a do México: os venezuelanos que resolvam seus problemas de forma autônoma e soberana.