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Pilantras e birutas, base do bolsonarismo, se excitaram com Elon Musk

Essa gente ruim não desiste. Todos conhecem um sem-vergonha ou xarope que se alvoroçou com os ataques do gringo ricaço. Eles querem não um 2° round, mas um 3° ou 4°, não se conformam

Jair Bolsonaro e Elon Musk.Créditos: Agência Brasil
Escrito en OPINIÃO el

Era fim de semana e de repente todos são surpreendidos por um ataque histérico e aparentemente “surpresa” de Elon Musk, bilionário e um dos mais homens mais ricos do planeta, dono da rede ‘X’ (antigo Twitter), para cima do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O papo-furado, no melhor estilo bolsonarista, é a conversinha sobre “liberdade de expressão” e “ditadura judicial”, as duas expressões mágicas da extrema direita cínica e hipócrita. Musk é, aliás, para além de um magnata norte-americano que dá as cartas no mundo com outros pares, um ativista e defensor dessa turba de canalhas que quer de todas as formas arrastar as sociedades planeta afora para a lei da selva.

Nas horas seguintes, o ataque escalou. O bilionário seguiu com seus tuítes incendiários, que rapidamente foram endossados por Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos, os parasitas do caos. Em outros países a crise também repercutiu e o confronto inesperado atravessou fronteiras como um rastilho de pólvora. O bufão André Ventura, em Portugal, correu para gravar vídeos aplaudindo a atitude de Musk, assim como Santiago Abascal, o tótem reacionário espanhol. Estava na cara que se tratava de uma ação orquestrada em nível internacional. Para explodir nas vozes e cabeças do gado bolsonarista era questão de minutos. Note que ‘gado’ aqui não é uma ofensa, é uma constatação pelo comportamento de bando, irracional e submisso até no caminho para o abismo.

O caso em questão é facilmente explicável e resumível. Um bilionário famoso por ser patologicamente amoral, além de simpático e patrocinador da extrema direita, ataca um magistrado da Suprema Corte de outro país, exigindo sua renúncia ou impeachment (uma grave violação de soberania), com a desculpa de defender a liberdade de expressão, quando na verdade sua plataforma nas redes é um verdadeiro oceano de crimes, mentiras, linchamentos morais com base em fake news e uma manipulação grotesca e sacana que lhe rende bilhões em lucro. Tudo isso, naturalmente, é de interesse de Jair Bolsonaro e de sua massa seguidora, pois o favorece eleitoralmente e o alinha ideologicamente ao plutocrata sem escrúpulos.

A matilha bolsonarista, que não desiste de sua chatice adolescente (com contornos criminosos), decerto enxergou no acontecimento uma porta para retomar a ladainha. “Fraude nas urnas”, “Alexandre de Moraes ditador de toga”, “Lula não venceu a eleição”, “Bolsonaro é perseguido por ser amado pelo povo” são alguns dos grunhidos nauseabundos, um verdadeiro pé no saco, a serem ressuscitados. Perderam a eleição, tentaram um golpe e agora querem não apenas um 2° round, mas um 3°, ou talvez 4°. Ninguém por aquelas bandas se conforma com o fim do império da insanidade que foram os quatro anos de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

As massas de pilantras e birutas, matéria-prima que forma a base do bolsonarismo, se excitaram com a cartada do bilionário que também é dono da Tesla e da StarLink. As timelines das mais diferentes redes sociais se entulharam com abobrinhas como saudações ao “defensor da liberdade no mundo” e aplausos ao homem “que acabará com a ditadura no Brasil”. É algo tão previsível que dispensa comentários. Gente que quer pôr todos que considera diferentes na cadeia falando de liberdade. Gente que defende a ditadura e que tentou derrubar a democracia há pouco mais de um ano, para implantar uma nova ditadura, falando em acabar com uma fantasiosa ditadura.

Entendo ser importante insistir na caracterização do que é o bolsonarismo como fenômeno. O episódio de Musk desafiando Moraes é um excelente exemplo para delinear essa gente ruim. Sempre com suas frases abobalhadas, repetidas e irritantes, versando sobre alguma idiotice ou invencionice, o material humano que dá sustentação a um sujeito escatológico, desprezível e deplorável como Jair Bolsonaro é em síntese composto de dois núcleos, que por falta de dados estatísticos não podem ser medidos quanto às suas dimensão e proporção.

Os pilantras, que se constituem de uma horda odiosa e sempre transpirando violência e cinismo, invariavelmente vêm à frente nessa marcha bolsonarista que traz um tema à baila e entope a internet com suas bobajadas demagógicas. É um pessoal que vive num mundo que se resume a armas, atos e práticas sexuais escondidas ou enrustidas, encobertas por um discurso religioso, messiânico e puritano, e com sede de sangue. Quase todos nós conhecemos alguém desse núcleo e é só puxar pela memória que você vai se recordar de como essa pessoa sempre foi ruim, mau-caráter, desleal, safada, interesseira e repugnante em anos passados. Pois esse sujeito se encontrou no mundo ao ver Bolsonaro se erigir como um líder e, agora, com Musk puxando o coro da “democracia judicial”, encontrou um novo ‘mito’.

Do outro lado, presumivelmente a massa em maior número, ainda que isso não esteja comprovado com estatísticas fiéis, estão os birutas. Sim, gente notoriamente pouco ajustada do ponto de vista mental, com uma intelecção sofrível e de grave inclinação a teorias conspiratórias abestalhadas. É o sujeito que fala em “ditadura judicial”, mas não sabe o que é ditadura, nem Judiciário, e ainda defende uma ditadura e ataca o Judiciário que ele nem mesmo sabe o que é. É o sujeito anticorrupção que elege um clã de desocupados que responde a inquéritos e ações por enriquecimento ilícito há décadas. É o cidadão que deseja mais emprego e melhores condições para o país e aplaude barões de conglomerados econômicos e latifundiários. Enfim, é o patriota que festeja um estrangeiro que ataca a soberania do Brasil, que ama o Brasil, mas xinga o país o tempo todo e tem como modelo ideal de sociedade os EUA e Israel, ainda que nunca tenha ido a nenhuma das duas nações e tampouco tenha noção real de como as coisas funcionam por lá. A paixão por Musk foi instantânea, mas isso porque foram orientados pelo “condutor espiritual” a fazê-lo. Se Bolsonaro mandá-los se lançar embaixo de um trem, basta a composição aparecer que eles já estarão lá, estatelados e esquartejados na linha férrea.

Era natural e óbvio, ainda no sábado (6), quando os ataques de Musk contra Moraes começaram, que os soldados do absurdo iriam o quanto antes entrar nessa contenda, e das formas mais bizarras possíveis. A repercussão era previsível e o teor das menções e mensagens não foi surpresa para ninguém. Era bastante lógico que pilantras e birutas se identificariam com um pilantra que reverbera teorias de birutas. Não deu outra, Elon Musk achou um povo para chamar de seu no Brasil.

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